Blog sobre Moçambique

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O jovem economista Marc Melitz

Marc Melitz é um jovem economista norte americano, actualmente considerado o melhor jovem economista daquele País. Melitz tem vários working papers úteis para estudantes de economia e não só, onde debruça-se sobre ciclos de negócios, mercado de trabalho, comércio internacional, industrialização, política monetária entre outros.
Actualmente em mudança de Universidade, Marc Metitz desenvolveu o modelo "Melitz Model", um modelo industrial dinámico que incorpora a produtividade da firma ao modelo monopolístico de Krugman (1979), o Modelo de Melitz (2003) considera um universo de países simétricos, um factor (trabalho) e uma indústria, mas este pode ser estendido para uma abordagem de países assimétricos.
Greg Mankiw, Professor de Economia de Harvard, escreve sobre Melitz.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

AMECON: Ninguem quer assumir os destinos da Associação Moçambicana de Economistas (??)

No passado dia 22 de Janeiro fiz um post intitulado "AMECON: Economistas Moçambicanos entre a coragem e a incerteza ?". Neste post eu dizia que:
O AVISO nº 02/CE/2008 da Comissão Eleitoral da Associação Moçambicana de Economistas (AMECON) publicado no jornal notícias de 21/01/2009 praticamente exorta os Economistas Moçambicanos a assumirem de uma vez por todas o rumo que se pretende dar à AMECON pois, só com a força de todos economistas Moçambicanos é possivel construir um futuro mais promissor e fazer da Associação um forte parceiro na erradicação da pobreza absoluta, mas o facto é que parece-me que ninguem quer arriscar-se a candidatar-se para os órgãos sociais, ou seja, para liderar os destinos da AMECON.
Parece que a exortação da AMECON não surtiu efeito desejado junto da classe dos economistas Moçambicanos. O aviso indicava que Abril seria o mês das Eleições para os novos órgãos da AMECON, facto que não sucedeu por falta de candidaturas até ao presente momento, segundo o comunicado que se segue que poderá ser encontrado na página web da própria AMECON:
AMECON - Associação Moçambicana de Economistas
INFORMAÇÃO/COMUNICADO

Os Órgãos Sociais (Mesa da Assembleia Geral, Conselho Fiscal e Conselho de Direcção) da AMECON reuniram-se no dia 24 de Fevereiro de 2009 para analisar a questão relacionada com a ausência de candidatos para a Direcção da AMECON.
A actual Direcção através da Comissão de Eleições convocou eleições para dia 15 de Abril de 2008 não tendo sido realizada por falta de candidatos. Nessa sessão da Assembleia-geral foi decidido que se deveria dar mais tempo e convocar novas eleições passados dois meses. Na sessão seguinte também não houve candidatos. Nessa altura a decisão tomada foi convocar novas eleições.
Pela 3ª vez foram convocadas novas eleições para o mês de Abril de 2009 e novamente não houveram candidatos, apesar de contactos pessoais que foram feitos.
Dada a situação prevalecente decidiu-se que a actual Direcção deveria permanecer por mais um ano enquanto procuram-se soluções. Nesse sentido, várias alternativas têm sido analisadas, nomeadamente:
Caso não haja candidatos, usar-se um método rotativo que obrigue a participação de todos os membros da AMECON;
Alteração dos estatutos prevendo situações semelhantes;
Aplicação de um sistema rotativo à semelhança do Rottary Club.
Neste contexto, solicita-se e agradece-se que todos os economistas reflictam e apresentem contribuições de como se ultrapassar a situação actual.

Maputo, Fevereiro de 2009
É um comunicado bastante lamentável num país que anualmente forma economistas, num país com condições básicas criadas para uma melhor abordagem sobre a profissão de economista, um País que já tem uma Associação de Economistas com prestígio reconhecido interna e internacionalmente, um País com economistas com crédito e mérito reconhecidos e, acima de tudo com uma nova geração de jovens economistas espalhados do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, preocupados com a classe e com o debate sobre a economia Nacional.
Não é de bom tom fazer comparações entre duas ou mais coisas que não estejam em igualdade de circunstâncias, mas hoje é importante para os jovens economistas Moçambicanos reconhecerem o Papel de instituições como o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) na pesquisa e investigação sobre questões de economia em Moçambique, o IESE constitui para muitos estudantes de economia e não só, uma fonte de pesquisa importantissima para os seus trabalhos do dia-a-dia. Hoje há quem considere que o IESE está a realizar o papel que a AMECON deveria estar a fazer. Até Pode ser verdade, de certa forma, mas a AMECON agrega outros grandes interesses da classe para além da investigação e pesquisa. No entanto acaba ficando ofuscada pela nova dinâmica e forte aposta na juventude prevalecente no IESE.
Mas eu continuo com um ponto de interrogação: porque é que ninguem assume a direcção da AMECON ? Incerteza? medo?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Dinâmicas da Pobreza e Padrões de Acumulação Económica em Moçambique

Já estão disponíveis na página do IESE as comunicações apresentadas na Conferência do IESE. São comunicações importantes que contribuem significativamente para o debate sobre a pobreza e o desenvolvimento de Moçambique.
Vale a pena visitar este link com as comunicações da Conferência do IESE para aqueles que se preocupam com questões económicas e sociais em Moçambique, investigadores, Académicos, estudantes, profissionais e muito mais podem buscar informação relevante nestas comunicações.

Banco de Moçambique - Indicadores do Sector Externo 2008

As transacções externas de Moçambique com o resto do Mundo mostram que os grandes Projectos de desenvolvimento continuam a ter um papel de destaque nos saldos do comércio externo. segundo o Banco de Moçambique, as exportações totais de bens cresceram em 10% em 2008 relativamente ao ano anterior, impulsionadas pelas exportações da economia que não os grandes projectos. O Alumínio (MOZAL) e a Energia Eléctrica têm um grande peso nas exportações Moçambicanas (cerca de 60% do total das exportações de bens em Moçambique), no entanto as exportações desses bens são relativamente menores em relação ao ano anterior.
A queda do preço do aluminio no mercado internacional e o decréscimo da quantidade de energia exportada para o vizinho Zimbabwe contribuiram significativamente para esta redução do peso da exportação destes bens.
Por outro lado há a destacar o aumento das exportações de Tabaco, Gás e combustíveis (bunkers) em Moçambique. O Tabaco devido ao aumento das vendas impulsionado pela Moçambique Leaf Tobacco (MLT) em Tete, e ao aumento do preço do tabaco no mercado internacional.
Em relação às importações, Moçambique regista um aumento das mesmas segundo o Banco Central, com destaque para o aumento das importações de combustíveis, cereais, automóveis e diversa maquinaria. É importante destacar o aumento da importação de viaturas ligeiras e pesadas pelos sectores privado e público.
Em relação ao Investimento Directo Estrangeiro (IDE), em 2008 registou-se um acréscimo com destaques para empresas dos sectores de Agricultura e produção animal, Industria transformadora, Transportes, Armazenagem, Comercio, Indústria extractiva e sector financeiro.
Dos principais paíes investidores em Moçambique destaca-se a África do Sul, que continua a ser pelo terceiro ano consecutivo o maior investidor , seguido da Suiça, Brasil, Holanda, Maurícias, Áustria, Índia, França, Macau e Tanzania.
Este estudo apresentado pelo Banco de Moçambique é últil na medida em que fornece informação estatística sobre o comportamento da balança de pagamentos em Moçambique, ou seja do saldo das importações e exportações. No entanto é importante que a autoridade Monetária Moçambicana continue a buscar inputs que permitam cobrir mais empresas Moçambicanas em inquéritos do género, particularmente no sector do turismo, que contribui significativamente para a balança de pagamentos, e não só, é importante que o sector privado, e as empresas importadoras e exportadoras de bens e serviços colaborem com o Banco Central para uma melhor informação pública sobre os indicadores do sector externo.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

1º de Maio dia do Trabalhador

O Dia do Trabalhador é celebrado anualmente no dia 1º de Maio em numerosos países do mundo, sendo feriado no Brasil, em Portugal assim como em muitos outros países.
Dia do trabalhador
Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América.
Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA . No dia 3 de Maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de alguns manifestantes. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos policiais que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.
Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.
Em 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países. Apesar de até hoje os estadunidenses se negarem a reconhecer essa data como sendo o Dia do Trabalhador, em 1890 a luta dos trabalhadores estadunidenses conseguiram que o Congresso aprovasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16 para 8 horas diárias.
Fonte: wikipedia

Como ganhar dinehiro com o seu Blog ?

Estive a pesquisar vários sites na internet sobre como Ganhar dinheiro através de um blog, ou seja como tornar o blog rentável. Esta roda já foi inventada e já há quem está no negócio há mais de 10 anos e a obter bons resultados financeiros.
A minha pesquisa no Google deu-me 1.070.000 resultados quando coloquei a frase "como ganhar dinheiro com um blog" e alguns links eu recomendo para quem quer fazer da blogosfera, a médio e longo termo, uma fonte de geração de receitas.

Seguem-se alguns links que podem ser úteis:
1. Blog da Maysa de Castro
2. Site Fique Rico
3. O Blog do Dinheiro
4. Interney (provavelmente o melhor)
5. Ganhar-Dinheiro-Net

O Ponto é que hoje muitos vivem e fazem face as suas despesas blogando, investindo em publicidade nos seus websites e blogs e fazendo o e-marketing ou e-vendas através do fluxo de visitantes das suas páginas de internet.
Enquanto uns blogam por hobby e por prazer, existe o lado financial da blogosfera. Rentabilizar financeiramente os blogs ainda não é comum entre os bloguistas Moçambicanos. os Blogues de Moçambique com maior destaque são blogues de tratam de assuntos políticos, mas raramente a pensar em rentabilidade e a fazer da blogosfera um espaço de promoção do empreendedorismo.

No entanto são muitos os que dizem: tira o cavalinho da chuva, não se ganha dinheiro na net. Um artigo intitulado 4 milhões e meio de blogueiros ganham dinheiro com a Internet é o exemplo claro do debate que vai se travando sobre se efectivamente ganha-se dinheiro com um blog ou não.
O certo é que, qualquer que seja o negócio, para se obter retornos é necessário esforço, sacrifício e dedicação pois nada vem ao acaso.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Uso de bicicletas em Moçambique e o impacto na renda e despesa das familias

Qual é o impacto da introdução de bicicletas no mercado moçambicano na economia e nasofinanças das familias do País ? Fica em aberto...
Esta questão vem a propósito de noticias publicadas aqui e aqui segundo as quais cerca de 3.000 bicicletas serão colocadas no mercado para, numa primeira fase previlegiar os funcionários do Estado. Estas bicicletas servirão para os funcionários do Estado se deslocarem de e para os seus locais de trabalho em substituição paulatina dos Transportes semi-colectivos de passageiros "chapa". Este é um projecto liderado pelo Ministério dos Transportes e Comunicações (MCT) e da Indústria e Comércio (MIC)

A ideia dos promotores é de reduzir os custos dos funcionários com os autocarros e todos os transportes públicos, e ainda massificar nos cidadãos a opção por um meio de transporte amigo do ambiente, que dispensa combustíveis e que permite a prática de exercício físico, para além de supostamente reduzir o tempo de espera nas paragens dos autocarros e nos congestionamentos, agora típicos nas horas de ponta nos principais centros urbanos do país.

Seria um tema interessante analisar o impacto de introdução de bicicletas na renda disponível das familias Moçambicanas. Igualmente seria uma boa oportunidade para uma análise dos encargos do Estado e das autarquias que uma iniciativa como esta poderá causar. Obviamente que será necessário fazer uma reforma nos sistemas de estradas e sinalização rodoviária.

Quem sabe a experiência de Chimoio, de Lichinga e de Quelimane, onde a utilização de bicicletas é uma realidade, possa servir de exemplo de como estes meios são viáveis. Um outro aspecto que até chega a ser engraçado é que a cidade de Maputo, diferentemente de Quelimane, tem uma zona baixa e a parte alta da cidade, por ai o exercício físico será uma realidade visivel e espera-se que não crie constrangimentos na flexibilização do funcionalismo público.

Se esta iniciativa for efectivamente bem implementada e houver uma boa articulação entre os agentes envolvidos tanto do sector privado, governo e utentes, as familias poderão poupar mais em despesas de transportes públicos.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Reajuste do Salário Minimo em Moçambique

A Comissão Consultiva do Trabalho (CCT) de Moçambique, um órgão que envolve o governo Moçambicano, os empregadores e os sindicatos em representação dos empregados, já chegou a acordo sobre os salários mínimos a vigorarem em Moçambique no presente ano, estando as propostas dependentes de uma aprovação por parte do Governo atrvés do Conselho de Ministros.
Eis as novas alterações:

Evolução do Salário Mínimo por Sector em Moçambique 2008 a 2009

Pode-se notar pela tabela acima que em Moçambique as actividades financeiras é que têm a tendência de apresentar uma maior variação do salário mínimo nacional, isto porque o sector financeiro é provavelmente o sector mais rentável da economia Moçambicana e exige uma mão de obra básica melhor qualificada em relação à outros sectores.
O grande dilema que as autoridades Moçambicanas, em particular a Comissão Consultiva do Trabalho envolvendo o Governo, os sindicatos e os empregadores, não consegue resolver é o contraste existente entre o custo da cesta básica de um trabalhador Moçambicano, avaliado em cerca de 1221 meticais por pessoa ao final do mês e toda esta discussão sobre o salário mínimo cujas propostas máximas de aumento não chegam à metade do valor da mesma cesta básica. Sendo o agregado familiar Moçambicano médio constituído por 5 pessoas, o custo da cesta básica é de 1221x5=5.229,00 MT (o equivalente a aproximadamente 200 Dólares Norte Americanos USD) para um agregado familiar. Esta cesta é constituída pelo consumo básico de um cidadão Moçambicano que inclui arroz, feijão, farinha de milho, amendoim, peixe, vegetais e legumes, pão, óleo, açucar, carvão vegetal, petróleo de iluminação, transporte e sabão (excluíndo água, luz, telefone, lazer, etc).
Obviamente que a classe trabalhadora não fica satisfeita com as propostas, mas é aquilo que os empregadores estão em condições de ceder no momento. A negociação salarial sempre foi um assunto de intermináveis debates pois todos pretendem buscar ganhos na negociação. A Presente negociação salarial ocorre há poucos dias das celebrações do 1º de Maio, dia Internacional do Trabalhador.

domingo, 19 de abril de 2009

Conferência do IESE em Maputo

O Instituto de Estudos Sociais e Económicos de Moçambique (IESE) está preocupado com as "Dinâmicas da pobreza e padrões de acumulação económica em Moçambique" e por isso realiza uma Conferência nos dias 22 e 23 de Abril. Na conferência serão igualmente lançados três livros do IESE e haverá uma exposição sobre actividades e resultados da investigação realizada por várias organizações nacionais de investigação social e económica.
Está de parabéns o IESE por esta iniciativa económica e social e esperamos que depois tenhamos a oportunidade de aceder a publicações ou relatórios que subsidiem os policymakers Moçambicanos, gestores de empresas e estudantes na busca de mais ferramentas cientificas para elaboração de políticas de desenvolvimento económico e Social.
O Dr. Carlos Castel-Branco, com o IESE está a produzir muita pesquisa e investigação na área económica e social, a qual é necessário dar o devido mérito e reconhecimento, mas é importante assegurar que esta escola de pensamento que o Dr Castel Branco está a gerir seja efectivamente uma plataforma meramente académica e de pesquisa económica e social.
As dinâmicas da pobreza e padrões de acumulação económica em moçambique não se compadecem com as incoerências e extremismos das diferentes abordagens de desenvolvimento, principalmente em países como Moçambique, onde as classes e os agentes que fazem o crescimento económico (aqui refiro-me aos maiores contribuintes no PIB de Moçambique) são completamente distintos dos agentes responsáveis pelo desenvolvimento económico (pobreza, analfabetismo, mortalidade, HIV-SIDA, esperança de vida, etc) . Temos que caminhar todos no mesmo barco sob pena de não nos percebermos uns aos outros.
Mais uma vez está de parabéns o IESE pela realização desta conferência que tanto era esperada por vários segmentos da sociedade Moçambicana.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Lei de Defesa do Consumidor oportuna para Moçambique

A Associação de Defesa do Consumidor de Moçambique (ADECOM) trabalhou na elaboração de uma proposta de Lei de Defesa do Consumidor, que é alvo de análise pela Assembleia da República (AR) de Moçambique.
A proposta, segundo a imprensa Moçambicana, engloba aspectos tais como os direitos dos consumidores, onde se destacam as trocas e devoluções de produtos, facto visível em muitas montras do País (NÃO ACEITAMOS TROCAS E DEVOLUÇÕES), a publicidade enganosa principalmente em relação aos preços dos produtos, o respeito aos prazos, a definição do conceito de consumidor, a criação de um instituto do consumidor para a fiscalização do cumprimento da lei, dentre outros.




Trata-se de uma lei oportuna na medida em que o consumidor final, aquele que adiquire o bem ou serviço para a sua utilização final, não sejá um agente passivo do processo, mas tenha salvaguardado uma série de direitos que de certa maneira contribuem para uma melhor qualidade de prestação de serviços e de venda.


Continuamos a assistir de forma abusiva a recusa ou omissão de alguns estabelecimentos comerciais de apresentação do LIVRO DE RECLAMAÇÕES aos clientes, quando solicitados, um facto que tem sido dificil de fiscalizar por parte das autoridades, sendo por isso importante que haja uma autoridade fiscalizadora dos Direitos dos consumidores.


Um outro exemplo, que também não deve ser ignorado, é o ramo dos Seguros, em particular o seguro automóvel, onde afigura-se importante a institucionalização de um regime que fixa as regras e os procedimentos a observar pelas empresas de seguros com vista a garantir, de forma pronta e diligente, a assunção da sua responsabilidade e o pagamento das indemnizações devidas em caso de sinistro no âmbito do seguro de responsabilidade civil automóvel.

As questões de Defesa do consumidor tais como à qualidade dos bens e serviços; à protecção da saúde e da segurança física; à formação e à educação para o consumo; à informação para o consumo; à protecção dos interesses económicos; à prevenção e à reparação dos danos patrimoniais ou não patrimoniais que resultem da ofensa de interesses ou direitos individuais homogéneos, colectivos ou difusos; à protecção jurídica e a uma justiça acessível e pronta e à participação, por via representativa, na definição legal ou administrativa dos seus direitos e interesses, não podem ser vistas de forma isoladas do ponto de vista regulador e implementador. É preciso que sejam tomados em consideração a regulamentação existente em Moçambique sobre concorrência entre agentes económicos, sobre saúde e segurança alimentar e outros sectores complementares.

O Consumidor Moçambicano não deve ser o agente económico com o maior peso derivado da fraca qualidade ou do mau atendimento, ou simplesmente aquele que paga uma factura pesada devido as externalidades ou factores endógenos negativos causadas pelo mercado Moçambicano.


Basílio Muhate

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Banca de Xipamanine pode gerar carros de luxo e mansões ! (?)

Hoje decidi partilhar um texto do meu compatriota Adriano Biza escrito no MoçambiqueOnline onde comenta uma notícia veiculada num dos órgãos de informação de Moçambique (que por acaso também acompanhei a reportagem), sobre o percurso de uma mulher (por ocasião do 7 de Abril dia da Mulher Moçambicana) que vende doces/rebuçados no Mercado Xipamanine e que tem uma bela mansão e um carro de luxo (HUMMER).

Vale a pena porque é um assunto que pode pode "arranhar" sensibilidades jornalisticas, financeiras e económicas, sociólogicas, psicológicas, empresariais, etc. Mas o ponto é que o Combate à pobreza e principalmente a criação de riqueza através do empreendedorismo constituem inequivocamente os desafios da ordem do dia.

Ai vai o texto:

Acabo de ver no jornal nocturno da STV uma noticia sobre o dia da mulher e como para mostrar a mulher batalhadora, a STV foi buscar uma senhora que tem banca no Xipamanine, tem casa (vivenda luxuosa como foi xamado)e sobretudo, porque repisaram e insistiram tem uma viatura marca HUMMER.

Eu nao quero entrar nas discussoes dos criterios usados para a escolha da senhora, mas fiquei reticente para nao dizer decepcionado pelo facto de (a ser verdade que aquela senhora conseguiu aquilo vendendo doces/rebucados) a STV ter enfatizado o tipo de carro. Mais do que a STV mostrar alguem que conseguiu vencer a vida partindo da venda dos doces, a espectaculosa enfatizou ou valorizou a viatura como se o sucesso na vida passasse por ter uma viatura daquelas.


Preocupa me porque a noticia passou num feriado em que parte das criancas estavam em casa a ver TV e provavelmente terao incorporado uma vaga e erronea valorizacao do sucesso na vida, que eh a ideia de ter um HUMMER. Eu acho que a STV poderia ter escolhido outros indicadores de sucesso que a mesma senhora tem, mostrando a tal vivenda grande e luxuosa no lugar de enfatizar a viatura HUMMER (que nao tenho nada contra). Mas me preocupa que o meu filho queira pedir deixar de ir a escola para vender doces somente por acreditar que tal como STV anunciou e provou (a gente acredita vendo) ele pode ter um HUMMER.

Eu nao quero duvidar do farro questionador dos jornalistas da STV, mas ca entre nos, conhecendo o valor do carro e o valor dos doces (seja a retalho ou a atacado) sou levado a desconfiar que ela tenha conseguido o carro vendendo doces naquela banquinha que mostraram. Ai a STV poderia ter ido mais alem na pesquisa e nao ficar pelo "verbalmente anunciado" como mandam as regras do jornalismo, logo num mes em que abriu mais uma escola superior de jornalismo.

Dizer e mostrar que aquela senhora saiu dos doces para ter aquilo tudo eh ser simpatico da ideia famosa de que Chefe do Estado tem o capital e fortuna que tem apartir da criacao e venda de patos. Ha um paralelismo nas duas stories profiles e isso eh muito perigoso para os nossos filhos e mais perigoso ainda quando ha pessoas e instituicoes que reproduzem essas meta-estorias de sucesso que nao ajudam a construir nem a autoestima ou mesmo combater a Pobreza.
Nao vamos brincar com o Poder que a Informacao tem, por favor...

Hahatawonana

P.S: a ser verdade a estoria, entao o dono da fabrica dos doces deve ser um tolo, teria ja comprado a General Motors e outras empresas de fabricacao de automoveis neste contexto da crise que como disse Lula foi criada pelos tipos de olhos azuis.........

Fim da citação.

Bom, seja como for está de parabéns a Mulher Moçambicana pela passagem do 7 de Abril.
A mulher mais linda do Mundo é a mulher Moçambicana.
Adenda 1: comentário de José Jaime Macuane
Essas reacções são interessantes, porque pensei que só lá em casa tivéssemos ficado escandalizados com a forma simplista como o sucesso da Sra. foi reportado pela STV. Em qualquer país com uma administração tributária que funciona,ela nem se atreveria a sair numa reportagem daquelas e nos lançar a balela de que conseguiu aquilo tudo vendendo doces e, de bacela, nos empurrar todas aquelas lições de empreendedorismo e liderança. Já agora vai uma dica à ATM (não que ela não a conheça, mas vale à pena lembrar) e olha que é fresca, porque estamos a apresentar as nossas declarações anuais de rendimentos para efeitos de pagamento do IRPS: cruzem as declarações de rendimentos dos últimos anos da Sra. e comparem com o património dela. Se tudo bater certo - os rendimentos, a casa, o Hummer e quejandos - as nossas instituições de ensino superior têm duas opções: dão à Sra. uma cátedra em empreendodorismo, ou apoio para abrir uma faculdade de empreendorismo. Quanto a nós, "vamosimbora" matricular-nos na escola da sra., porque, certamente, ela seria um fenómeno.
JJM

terça-feira, 24 de março de 2009

Sobre a Crise Financeira Internacional (Primeira-Ministra Luísa Diogo na AMECON)

A Economista Luisa Diogo, Primeira-Ministra Moçambicana, apresentou numa Palestra organizada pela AMECON, as oportunidades e desafios que se impõem à economia Moçambicana face à crise financeira internacional. Desta vez, a Primeira Ministra assumiu inequivocamente que Moçambique não tem meios de ficar alheio à crise.
Esta nova abordagem da economista Luisa Diogo, na sua qualidade de Primeira-Ministra da República de Moçambique, vem demonstrar claramente que o Governo Moçambicano está gradualmente a visualizar a crise financeira internacional de forma mais sincronizada em termos de desafios e oportunidades, e vai-se forjando uma abordagem conjunta em relação às medidas fiscais, monetárias e cambiais a serem tomadas em face ao abanão que afecta as economias mais fortes do mundo, em particular a banca.

Uma economia como a Moçambicana, que depende em mais de 50% do financiamento externo dificilmente poderá ficar alheia à oscilações macroeconómicas no resto do mundo, ou à variações profundas nas taxas de juro ou de câmbio nos mercados dominantes da região (eg. África do Sul) e do Mundo (eg. EUA). A médio e longo prazo os efeitos fazem-se sentir.
Segundo a Primeira-Ministra, há uma prespectiva de crescimento económico em Moçambique entre os 5% e 6% no presente ano, segundo as projecções do Banco de Moçambique e, caso isso não aconteça haverá uma necessidade de reajustamento da economia.

Em relação ao sistema financeiro Moçambicano aponta-se o fortalecimento da supervisão bancária e adópção de medidas de política monetária e cambial que assegurem a estabilidade financeira e uma variação cambial que promova exportações.
Em relação a este ponto é preciso olhar para as variações cambiais do metical em relação ao Dólar Norte Americano e ao rand de Janeiro a Março de 2009. Mesmo com a injecção de cerca de 270 milhões de dólares norte americanos no mercado durante o ano de 2008, observa-se, por um lado a apreensão do sector privado nacional em relação à escassez de dólares no mercado, e por outro lado uma variação da taxa de cãmbio de 25mt/usd para cerca de 26,9mt/usd de Janeiro a Março corrente.
Promoção de Habitos de Poupança - Recentemente em Conferência de imprensa, o Porta-voz do Governo Moçambicano, Luis Covane disse que o índice de poupança em Moçambique situa-se entre os 10% e 12% (baixo índice), contra os 25% desejados . Procurei buscar alguns dados sobre o PIB e as suas componentes no INE e encontrei este documento que faz referência a alguns dados oficiais sobre consumo e investimento/poupança em Moçambique que podem ajudar-nos a compreender melhor o fenómeno.
Mas a questão Mantêm-se: como estimular a poupança das familias Moçambicanas num contexto de crise financeira internacional?
Evidentemente que a expansão da rede bancária até as zonas rurais é uma grande contribuição pois aumenta a capacidade de resposta ao investimento interno, Mas e depois ? quem vai fazer as poupanças nesta nova rede de Balcões bancários espalhados por todo o País ? são os investidores locais, são os cidadãos ? Então é necessário acompanhar esta expansão da rede bancária com uma expansão e gestão do fundo de desenvolvimento local alocado aos distritos pelo governo moçambicano, sob pena de termos bancos comerciais e um fundo de desenvolvimento a concorrerem de forma desajustada ao nível dos distritos. talvés seja esta uma das razões para o receio da banca comercial em apressar-se aos distritos em contextos de crise, sem a prévia negociação com o governo.
O grande debate sobre o Desafio do salário Mínimo em Moçambique, aliado ao mercado de emprego é um assunto que não deve ser ignorado pelo grupo criado pelo Governo moçambicano para fazer face à crise financeira . O grupo constituído pelos Ministros das Finanças, Planificação e Desenvolvimento, Agricultura, Indústria e Comércio e com a Participação do governador do Banco de Moçambique tem a missão de olhar igualmente pelo mercado de emprego, que envolve o sector privado, os sindicatos e o próprio governo na busca de um equilibrio do salário mínimo. A título de exemplo os sindicalistas já vieram a publico defender que a cesta básica de um trabalhador Moçambicano está avaliada em cerca de 5.000Mt/mês = 200 USD/mês, no entanto actualmente o salário mínimo ronda aos 1900Mt/mês = 74,5 USD/mês. O grupo tem que analisar com cautelas os efeitos da crise sobre a produtividade de mão de obra nos mega-projectos nacionais.
Apesar de ter ficado impressionado em relação à visão macroeconomica apresentada pela chefe do Governo Moçambicano, é importante, (e acredita-se que chegar-se-á a esse ponto) que o Governo se concentre em medidas mais específicas de reacção e procurem alcançar o consumidor final. Queria ter ouvido mais a Primeira-Ministra a falar sobre os desafios e as oportunidades para os CIDADÃOS Moçambicanos face à crise financeira internacional, como é que os seus bolsos são directamente afectados e que oportunidades podem encontrar no dia-a-dia, para os consumidores, para os pequenos e médios contribuíntes da economia Nacional que são aos milhares. Queria também ouvir um pouco mais sobre o estimulo à poupança nas zonas rurais em particular, onde a agricultura de subsistência é a actividade dominante das familias. Penso que o tempo não foi suficiente.
Há que reconhecer e dar a devida vénia a um aspecto, um desafio lançado pela Primeira-Ministra, Luisa Diogo aos economistas Moçambicanos. É necessário que os economistas Moçambicanos façam a análise em relação a crise financeira internacional, principalmente a nível sectorial, em particular à AMECON. Moçambique carece de debate mais aberto, profundo e participativo sobre a sua economia protagonizado por economistas Nacionais, principalmente os académicos e investigadores. O debate ainda está reduzido a um grupo muito restrito de economistas Moçambicanos. o debate académico crítico e construtivo poderá constituir uma plataforma para que o governo e outros actores e agentes busquem subsídios teóricos e práticos para facer face ao mercado.
Basílio Muhate

terça-feira, 17 de março de 2009

Dicas Sobre como fazer face à crise Financeira Internacional

Crise Financeira – Algumas dicas sobre como fazer face.

Estive a tentar buscar algumas ideias sobre como colaborar com os pequenos empresários e empreendedores Moçambicanos a fazerem face a crise financeira internacional. Como é que se pode reduzir os riscos económicos em fases de crise ? Uma boa alternativa seria buscar serviços de consultoria financeira junto de instituições ou pessoas especialistas para o efeito, Por outro lado pode imprimir esta página, sentar-se a secretária ou a Beira-Mar e começar a preparar-se

1. Construir e manter a sua posse de dinheiro (liquidez)

A Falência das pessoas não se deve às dividas totais que possuem, mas sim ao facto de esquecerem-se dos pagamentos que devem às instituições financeiras que, após algum tempo, tomam medidas contra os empresários tais como o encerramento dos seus negócios.

Em termos simples, isto significa que o pequeno e médio empresário deve ter dinheiro “confortável” em mão, para poder fazer face a situações. Se o empresário ou empreendedor ou a sua esposa perder o emprego, ou os negócios não estarem a correr bem, o indivíduo deve ser capaz de recorrer a este dinheiro “confortável” para manter a energia, a água e o telefone, capaz de abastecer o automóvel, e de se alimentar. A Experiência desta poupança não livra o empreendedor do setress da crise, mas poderá efectivamente ajudar a aliviar os momentos difíceis até ultrapassar-se a fase menos boa.

O Dinheiro “confortável”, a que também chamam de fundos de emergência, deve ser guardado preferencialmente em contas de poupança capitalizadas, ou seja, que rendam juros. Não misture o seu fundo de emergência com as suas contas ancárias regulares pois poderá ser tentado a investir e gastar o dinheiro em outros fins. A Razão é que o propósito deste dinheiro não é crescer nem fazé-lo rico. É apenas para fazer face as suas contas correntes quando você está “apertado”. É o último recurso.

2. Manter seguros de saúde, de vida, de deficiência, e outros seguros

Durante as crises muitos optam por cortar algumas despesas correntes que são consideradas menos importantes. Para alguns indivíduos os seguros são várias vezes sacrificados, um terrível erro que pode levar à destruição financeira. E se você ou o seu cônjuge tiverem um ataque cardíaco ou forem diagnosticadas com câncro? E se o seu filho desenvolve uma rara infecção?

Se for um indivíduo extremamente rico, com acções e títulos inesgotáveis, várias empresas, etc, o seu recurso mais importante seja a sua capacidade de trabalhar. Esta é uma ,razão que leva a que em muitos países o seguro de invalidez seja vital para os cidadãos.

3. Eliminar gastos desnecessários - E pagar com Cartão de Crédito!

Mesmo que não haja nenhuma pressão financeira sobre a pessoa, se esta acredita que há alguma probabilidade de ela ser afectada directamente pela recessão económica, então ela deverá começar a cortar alguns gastos desnecessários e procurar melhorar a liquidez. Alguem perguntaria, o que são gastos desnecessários ? Bom a intenção não é definir este conceito mas sim apontar que será preciso reduzir algumas despesas fixas mensais tais como a redução do número de revistas e jornais comprados semanalmente nas bancas, a redução daquelas compras cujo corte não afecta o nosso padrão normal de vida.

Se usa cartão de crédito, pense seriamente em parar de usá-lo. A utilização do cartão de crédito está sujeito a taxas de juro e o indivíduo pode não estar em condições de suportar os juros cobrados pela utilização do credito.


4. Expanda suas fontes de receita

O seu património líquido pode aumentar se você reduzir os gastos e gerar mais renda apartir de fontes não correlacionadas com o seu emprego convencional.

Imagine que você é um trabalhador de uma companhia de telefonia móvel e sua esposa é enfermeira. Você pode iniciar um pequeno negócio em casa apenas para produzir o suficiente para pagar a renda mensal da casa, libertando esta despesa da dependência em relação ao seu salário. É importante que os cidadãos, em particular pequenos empresários, comecem a pensar assim.

5. Use a oportunidade de comprar ativos de baixos preços

As crises e recessões em geral constituem uma boa oportunidade de compra de activos a preços baixos. Por exemplo empresas com equipas talentosas de gestão e com qualidade, com fortes demonstrações financeiras, uma boa rentabilidade sobre os capitais próprios e oportunidades de crescimento no futuro são estratégicas em momentos de crise.Itálico

sexta-feira, 6 de março de 2009

YOUNG ECONOMIST OF THE YEAR 2009 - JOVEM ECONOMISTA DO ANO 2009

JOVEM ECONOMISTA DO ANO - COMPETIÇÃO INICIOU
PARA MAIS DETALHES VISITE ESTE WEBSITE

TEMA: SERÃO AS RECESSÕES ECONÓMICAS INEVITÁVEIS ?

segunda-feira, 2 de março de 2009

Estação central dos CFM a sétima mais bela do Mundo

Estação Central dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) sétima mais bela do Mundo - Maputo, Mozambique

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

CRISE FINANCEIRA MUNDIAL (do debate à acção)

A crise financeira Internacional em África ainda não se faz sentir na pele de muitos como na América do Norte e na America Latina e Europa. Os números do desemprego nos Estados unidos não param de aumentar, mesmo com as iniciativas fiscais e orçamentais da administração Obama.

Cá entre nós continuamos de palestra em palestra, de seminário em seminário, de debate em debate, nos vários discursos de políticos e empresários a pregar a doutrina da crise económica mundial e suas consequências. Até que não é mau!! Os actores financeiros dos mega-projectos em Moçambique tais como a MOZAL, Areias Pesadas de Chibuto e Moma, etc, já começaram a dar avisos à navegação, e afirmam que poderão, com a crise, deitar abaixo vários postos de trabalho.

Em debate na TVM, Magid Osman Economista Moçambicano, procurou moderar o medo que muitas correntes tentam criar no seio dos Moçambicanos em relação à crise. Efectivamente o que está a faltar são acções de política fiscal e orçamental que nos conduzam a um equilibrio face à crise. É importante que o Governo Moçambicano tome medidas económicas de precaução dos efeitos da crise imeadiatamente.

A título de exemplo, medida em que as pessoas vão perdendo emprego, o salários vão baixando e a renda também, e isto levará a uma redução da capacidade de pagamento. Assim, aqueles que estiverem em divida com as instituições financeiras terão menor capacidade de cobertura da dívida. Sabe-se que o crédito mal parado em Moçambique é preocupante para vários Bancos, mas atenção que não falta muito para os Bancos atingirem o limite da tolerância com a actual crise.

Como a maior parte do financiamento é dirigido a Bens duráveis tais como habitação, construções, edifícios, automóveis, etc, os Bancos não terão outra hipótese senão a recuperação desses bens. Nos contratos de financiamento esse instrumento é claro para o caso de não cumprimento. Na América e Europa, com a crise, os Bancos estão a recuperar os bens e só no Brasil possuem cerca de 100 mil automóveis, um número em crescimento.

Este exemplo era apenas para ilustrar um dos efeitos que a crise pode trazer para os indivíduos, mas o mais importante é que ao invês de se estar constantemente a debater sobre a crise e suas consequencias e a criar correntes de pensamento contraditórias deveria estar-se já a desenvolver acções de curto, médio e longo prazo para fazer face a crise. Aqui o Governo, como regulador da actividade económica tem um papel importantíssimo, mas o sector privado nacional também deve ser mais proactivo.

Basilio

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Dia dos Namorados vs. Renda disponivel

Tenho estado a pensar nesta ultima semana sobre o efeito do Dia de Sao Valentim, ou seja, dia dos namorados, sobre os rendimentos dos jovens e sobre o mercado de flores, celulares, e outros presentes para a ocasiao. Penso tambem nos efeitos do dia dos namorados sobre a industria hoteleira e restaurantes.

Nao fiz nenhum estudo nem pesquisa para o efeito, apenas baseio-me na observacao dos factos ao meu redor. O primeiro dado e que quando se aproxima a data aumenta a procura dos bens que vamos chamar de "BENS DOS NAMORADOS". Um aumento da procura mantendo os precos constantes vai ocasionar uma escassez de bens e leva ao surgimento de filas de espera nas floristas principalmente. Como os namorados sao pouco sensiveis as mudancas no preco por estes dias (elasticidade-preco), o mercado pode aumentar a oferta e/ou simplesmente aumentar os pre;os daqueles bens.

Por outro lado os consumidores (namorados/as) tem a dificil missao de fazer poupancas suficientes de modo a chegarem ao dia de Sao Valentim ainda com algumas poupancas para o efeito, menos de 2 meses depois das despesas avultadas do final de ano e natal. O mercado por vezes tona-se ingrato para a renda disponivel (RD) do jovem Mocambicano. RD=Rendimento - Consumo. A maioria dos jovens Mocambicanos auferem um salario abaixo dos 250 USD/mes e apartir dai podem-se fazer todas as projeccoes possiveis do planeta terra e do MERCADO DOS BENS DOS NAMORADOS.

Agora fica a questao, o mercado tem solucoes a vista porque pretende faturar, mexe com os precos e quantidades mas os consumidores tem que optar dentro da sua fronteira de possibilidades de consumo. Alguem pode dar-me alguma formula para um 14 de Fevereiro rentavel e viavel para um jovem que pretende encher a sua namorada de presentes? Um amigo respondeu-me da seguinte maneira : PARA UM DIA 14 DE FEVEREIRO RENTAVEL DESFACA-SE DO MATERIALISMO E DO APROVEITAMENTO ECONOMICO DA DATA. EEQUECA O MERCADO E VIVA O AMOR NATURAL.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

AMECON: Economistas Moçambicanos entre a coragem e a incerteza ?

ELEIÇÕES NA AMECON EM ABRIL

O AVISO nº 02/CE/2008 da Comissão Eleitoral da Associação Moçambicana de Economistas (AMECON) publicado no jornal notícias de 21/01/2009 praticamente exorta os Economistas Moçambicanos a assumirem de uma vez por todas o rumo que se pretende dar à AMECON pois, só com a força de todos economistas Moçambicanos é possivel construir um futuro mais promissor e fazer da Associação um forte parceiro na erradicação da pobreza absoluta, mas o facto é que parece-me que ninguem quer arriscar-se a candidatar-se para os órgãos sociais, ou seja, para liderar os destinos da AMECON.

Diversas tentativas já foram feitas no sentido de elegerem-se novos corpos sociais da AMECON, em Assembleias Gerais Extraordinárias sempre adiadas por vários motivos, dentre os quais se destaca, na minha óptica, a falta de candidaturas para assumirem os destinos dos órgãos da AMECON nos próximos tempos. No aviso em referência a Comissão Eleitoral refere que as eleições para os novos Corpos Sociais para o Biénio 2009-2011 terão lugar na 1ª Quinzena de Abril de 2009.

Das conversas informais com economistas membros da AMECON, ex-colegas da Faculdade de Economia da UEM, alguns académicos, empresários e dirigentes Governamentais, todos eles economistas ou gestores, e do pouco tempo em que convivo com a AMECON, sinto que há algum receio de errar ou falhar quando se fala na AMECON, há um cepticismo em relação ao ambiente interno, onde possivelmente haja linguagens que não sejam permitidas, haja escolas de pensamento económico previlegiadas, haja resistência a mudanças e a aceitar que jovens economistas Moçambicanos tenham alguma coisa a opinar, haja ideias pre-concebidas sobre as quais emitir opiniões diferentes significa criar um afastamento de uma linha "ideológica" invisível, etc.

Por outro lado vejo na AMECON um sentimento de inconformismo dos órgãos actuais, porque muita coisa pode e poderia ter sido ser feita, e muitas vezes falta colaboração de um ou outro membro, e depois há aqueles que só querem entravar o processo de crescimento da AMECON, e esses não são poucos.

Espero que desta vez haja coragem, principalmente por parte da geração mais jovem, para assumir desafios em relação ao futuro da Associação Moçambicana de Economistas, de modo a que o País tenha uma classe de conomistas mais interventiva e que dê uma maior colaboração nas decisões de políticas de desenvolvimento e crescimento económico.

A AMECON já está em condições para passar para um debate mais intenso em relação a sua continuidade e aumento do número de membros, começar a admitir-se, a médio ou longo prazo, a criação da "ORDEM DOS ECONOMISTAS DE MOÇAMBIQUE", debater e fazer uma reflexão profunda sobre a introdução da carteira profissional do economista Moçambicano como forma de a AMECON contribuir na formação profissional dos economistas, reflectir-se sobre a participação da AMECON na elaboração, avaliação e homologação dos cursos de economia em Moçambique, juntamente com o Ministério da educação e com as instituições do ensino superior; Fazer uma maior ligação entre AMECON e as faculdades de economia e gestão em Moçambique, e com os respectivos núcleos de estudantes, dentre outras coisas.

Tudo isto é possível, mas para tal é preciso desfazer-se das incertezas e do medo, e assumir -se os desafios que se impõem, aceitando a diversidade e, mais do que ninguem, uma geração de jovens economistas é que está em melhores condições objectivas de fazer a viragem na AMECON, dado o actual contexto em que ela se insere.

Basílio Muhate

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Deve ou não o Estado Moçambicano Distribuir Crédito ?

Numa altura em que os Estados Americano e Europeus estão a injectar avultadas somas dinheiro para evitar a falência de várias instituições financeiras e tentar sair da crise financeira internacional, e numa altura em que Estadistas como Lula afirmam que foi deitada abaixo a fé dogmática no princípio da não intervenção do Estado na Economia, O Economista Moçambicano Carl0s Castel-Branco veio recentemente à publico defender que não é papel do Estado distribuir crédito às populações no Distrito, no âmbito do fundo de iniciativas locais, mas que esse papel devia ser relegado à instituições financeiras através de incentivos e benefícios.

Recentemente um outro economista Moçambicano, Hipolito Hamela, veio a público afirmar que uma das melhores vitórias do governo Moçambicano, na sua óptica, foi a introdução do fundo de desenvolvimento local, pese embora fosse necessário corrigir alguns aspectos. Portanto Hamela defende o intervencionismo do estado na alocação de credito.

A intervenção do estado na concessão de credito não serve para proteger os lucros do sector privado, mas para minimizar as rígidas condições que os Bancos Comerciais impõem ao desenvolvimento local de Moçambique, e para absorver o risco que o sector financeiro privado Moçambicano não assume, mesmo com a introdução de benefícios e incentivos por parte do Estado, que o Professor Carlos Castel-Branco se refere.

Basílio Muhate

sábado, 17 de janeiro de 2009

Bangy Cassy da Faculdade de Economia da UEM nomeado Reitor da UniZambeze

O Dr Bangy Cassy, que exercia as funções de Chefe do Departamento de Métodos Quantitativos na Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane foi nomeado pelo Presidente da República, Armando Guebuza, para o cargo de Reitor da Universidade UniZambeze, uma nova instituição do ensino superior em Moçambique.
Na Faculdade de Economia da UEM muitos conhecem conheceram o Dr Bangy, Professor de Matemática, e eu fui um dos seus estudantes.

O Jornal noticias de hoje refere que Bangy Cassy é doutorado em Ciências Matemáticas pela Universidade sul-africana de Witswatersrand e desempenhou, sucessivamente, as funções de Assessor para Assuntos Pedagógicos do Vice-Ministro da Educação e Cultura, de Director Nacional Adjunto de Educação Geral no MEC e de Director Adjunto de Investigação e Extensão na Faculdade de Ciências da UEM.

Está de Parabéns o Dr Bangy não só pela nomeação, mas também pelo seu empenho na criação da UniZambeze, que pude testemunhar em conversas informais e das poucas vezes que pude me informar sobre a UniZambeze. Desejo Sucessos ao Dr Bangy e a UniZambeze.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Aumento da Taxa de lixo em Maputo

O actual volume de receitas do Município de Maputo, capital da República de Moçambique, tem um nível de cobertura das necessidades entre 60 e 70%, o que significa, por outras palavras que cerca de 65% do total de lixo que é produzido em Maputo é recolhido para uma lixeira que se localiza dentro da cidade e a menos de 2 Km de um dos maiores mercados da capital Moçambicana (Xiquelene Market).
Segundo João Schwalbach, vereador de Saúde e Salubridade do Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM), regista-se uma melhoria na recolha de lixo na cidade de Maputo e que já se aproxima da ordem dos 80%, o que, na sua óptica, significa que a cidade está quase limpa e que só vai ficar TOTALMENTE LIMPA EM 2013, segundo as projecções do Plano director do CMCM.

Se o nível de cobertura está a melhorar com a actual taxa de lixo (50Mt/mês), então porque fazer um acréscimo na mesma ?

O Jornal o País refere que Schwalbach citou o seu caso como exemplo afirmando que a produção média do seu agregado familiar é de aproximadamente 2,5Kg/pessoa/dia;
- seu empregado doméstico que reside em Maxaquene = 0,5kg/dia
Logo, o empregado doméstico residente no Maxaquene não deveria pagar a mesma taxa que o patrão que vive na Sommerchield.
Desde 2007 que o volume das receitas municipais em Maputo ronda aos 3,9milhões de meticais/mês e, segundo o Vereador, a estimativa de custos é de 12,5 milhões de meticais/mês (uma enorme diferença).
A Ideia do Municipio é aumentar as receitas para cobrir as despesas através do agravamento da taxa de limpeza.

Mas porque agravar a taxa de limpeza para aumentar as receitas municipais ao invês de introduzir medidas de REDUÇÃO DE CUSTOS ou ainda agravar outras taxas tais como os Impostos pessoais, taxas de mercados etc ?

A resposta é simples: a taxa de lixo ou de limpeza (esta é outra questão que merece um debate) é cobrada usando o sistema de facturação da Electricidade de Moçambique (EDM), portanto, todos os utentes de energia electrica, quer no sistema pre-pago (CREDELEC) ou nos pós-pago (Contrato) são obrigados a pagar a taxa de lixo quando pagam as suas contas consumo de energia electrica, ou seja a taxa de lixo vem inclusa mensalmente na factura ou no recibo de credelec.
Esta é a única via que garante uma cobrança de receitas ao município com um baixo risco de falhas e custos reduzidos. Não há certeza em relação a efectividade de uma medida de contenção de custos no município, nem em relação a acrescimos noutras taxas porque o risco de não pagamento é elevado.

Questões que ficam no ar !!


1. Porque decide-se por um aumento de taxas autárquicas numa altura em que falta cerca de 1 mes para o término de um mandato dos actuais órgãos do Municipio de Maputo ? Houve uma campanha eleitoral e não se tocou no assunto.
2. Será que esta medida anunciada por João Schwalbach tem cunho legal, foi alvo de análise e aprovação por parte do Conselho e posteriormente Assembleia Municipal de Maputo ? ou representa apenas a sua vontade pessoal.
3. Será que efectivamente um aumento das taxas de lixo vai originar uma melhoria da recolha ou é uma medida para fazer face a outras necessidades do município ?
4. O Jornal o País indica que a maioria dos munícipes aceita o agravamento da taxa de limpeza. EU NÃO ACEITO ! E logo, faço parte da minoria.

Basílio Muhate

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O que é que as prostitutas e o arroz têm em comum ?

O título deste post é da autoria do Economista norte americano Steven D. Levitt, um dos oito jovens economistas mais conceituados do mundo em 2008, segundo a revista The Economist e co-autor do Blog FREAKONOMICS, que constituiu um dos posts mais comentados no blog nos últimos dias.

A primeira resposta possível que encontrou-se foi que prostitutas e arroz são ambos bens de Giffen, aqueles bens cujo aumento do preço provoca um aumento na demanda do bem (ceteris paribus), embora com algumas reticências por parte do autor.
O autor toma o exemplo da China para demonstrar que o aumento do preço do arroz induz a um aumento na quantidade demandada, o mesmo servindo para as prostitutas, onde segundo Levitt, os clientes das prostitutas por várias razões não desejam a opção mais barata. O Post de Steven Levitt teve mais de 250 comentários com as mais variadas respostas. Vale a pena ler.

Fica a questão: o que é que prostitutas e arroz têm em comum ?

Basilio Muhate

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Que Agricultura queremos em Moçambique? - Por Dino Foi

“Moçambique tem mais juristas a tomarem decisões económicas que economistas a fazerem a análise, o que faz com que tenhamos mais leis aprovadas que problemas económicos resolvidos”, diz um grande amigo meu. Não tenho problemas com os juristas e penso que o meu amigo também não, mas dou razão a ele, pois há coisas a acontecerem neste país, que fazem com que alguém conclua que só uma das duas é válida, ou as pessoas que estão a frente de políticas esqueceram-se do que aprenderam ou então estão a fazer algo que nada tem a ver com o que aprenderam.

Ouvi há dias, uma funcionária sénior do Ministério da Indústria e Comércio a propôr em público ao Governo, como medida económica, para que os preços de trigo do lado Moçambicano se equiparassem aos dos dealers do Malawi que compram a 12 meticais o quilo, o Governo devia acrescentar, em jeito de subsídio, o valor remanascente (4 meticais), pois o comprador Moçambicano só pode pagar 8 meticais e, os vendedores preferem entregar aos Malawianos!

Já há muito tempo que cantamos que a agricultura é a base do desenvolvimento, um slogan que parece estar a esmorrecer nos últimos anos, agora há uma ala a dizer que já é o turismo, mas uma outra ala ainda vai mais longe, apoia a energia como a tal base do desenvolvimento. O mérito de uma opção ou da outra é discutível e, dependendo de que lado cada governante quer levar as suas políticas, as divergências vão se notando.

Dados empíricos (World Bank, 2008a) indicam que em Moçambique, os Serviços correpondem a 46.7%, seguindo a Agricultura (27.6%) e Indústria (25.7). Estes dados não parecem fazer crer que a afirmação sobre a agricultura seja a mais acertada e, a queda da taxa anual de crescimento do sector de agricultura de 10.9 em 2006 para 6.6 em 2007, vem discordar mais uma vez a falácia popular.

O Plano Estratégico do Desenvolvimento Sector Agrário 2009-2018, doravante PEDSA, documento que vai guiar a agricultura de Moçambique nos próximos 10 anos, nega categoricamente a queda da contribuição da agricultura no nosso Produto Interno Bruto (PEDSA, 2008 p. 19), atribuindo a “culpa” aos megaprojectos. Mas como que para contrariar esta conclusão, a contribuição da agricultura no nosso PIB caiu de 44.1 em 1987 para 34.9 em 1997 (World Bank, 2008a) e, nessa altura não existia Mozal, Gás de Pande e muito menos Areias Pesadas de Moma.

Explicações para o facto existem e, penso que antes de se tirar conclusões, seria aconselhável munir-se de ferramentas suficientes, porque no meu entender, esta secção do PEDSA não pode ser explicada de uma maneira tão simples e despida como se quer mostrar, principalmente se formos a ver que a nossa importação de alimentos saltou de 30 milhões em 1997 para 526 milhões de dólares em 2007 ((World Bank, 2008a), uma análise em time series (Anderson,1976; Box & Jenkins,1976), e Trend Analysis (Schaefer, 1995) ajudaria a compreender melhor esta tendência, mas talvez para isso um economista deveria ser chamado, continuo a apoiar a teoria do meu amigo.

Numa reunião havida no Ministério da Agricultura no dia 16 de Dezembro de 2008, sobre a produção do trigo em Moçambique na campanha 2007/2008, ficou claro que mesmo com apoio (leia-se, de borla) de 150 toneladas de semente, 63 mil unidades de sacos e 17 mil foices, em 5,300 hectares só se produziu cerca de 6,500 toneladas de trigo. O mais caricato é que a companhia que deveria comprar o trigo, das 600 toneladas programadas só conseguiu adquirir 7 toneladas em Rotanda e das 2,000 toneladas programadas para Tsangano, também só existiam 7 toneladas. A partir deste ponto, não é preciso ter um doutoramento em economia para concluir que algo não vai bem na nossa agricultura.

A questão é, se mesmo com todos os subsídios o custo da tonelada do nosso trigo ainda é o dobro dos preços internacionais, não será altura de parar e analisar com os entendedores da matéria?!

Adam Smith há mais de 200 anos já preconizava que os países precisam de se especializar naquilo que podem produzir eficientemente e adquirir os outros produtos de outrem (Smith, 1776), teoria que mais tarde foi refinada em vantagem comparativa (Ricardo,1817; Cairnes, 1874) , e muito recentemente em vantagem competitiva (Porter, 1985; 1990) . Há uma necessidade de apostarmos naquilo que podemos fazer eficientemente e importarmos a outra parte. Japão produz carros mais barato que os EUA e importa comida, Taiwan faz o mesmo com os químicos e se especializa em plástico e tecnologia, os EUA produzem eficientemente equipamento para telecomunicações e importam computadores. Os exemplos acima são apenas para elucidar que, todos estes países poderiam eficazmente produzir o que importam, mas em economia é a eficiência que mais conta.

O Governo planeia reduzir as importações de trigo em 20% até 2011, uma meta, no meu ver, muito ambiciosa, principalmente se olharmos o panorama exposto na reunião sobre o trigo. O meu cepticismo ainda é reforçado pelo documento do (PEDSA, 2008) onde podemos citar: “...a produtividade do trabalho do sector agrário é bastante baixa, o que é ilustrado pelo facto de três quartos (75%) da força laboral nacional produzir apenas um quarto (25%) do Produto Interno Bruto... p.12”, isto no que se refere a taxa da produtividade da agricultura. Até aqui se não tocam sinos na cabeça de alguém, então estamos mal, porque o ideal seria a Lei do Pareto (Wood & McLure, 1999), onde 20% da força do trabalho produzisse 80% do Produto Interno Bruto.

Adiante, o mesmo documento informa que “... o nível de utilização de insumos no país é extremamente baixo, não havendo uma tendência evolutiva (positiva) nos últimos 5 anos... p.13”. O documento vai mais longe, especialmente onde tratou da questão da irrigação “...Dos cerca de 4 milhões da superfície agrícola em cultivo menos de 0,5% encontram-se irrigadas...” e, no capítulo da mecanização, o mesmo afirma que 1% das explorações agricolas é que mencionam o uso de tractor e 1% o uso de charrua (PEDSA, 2008 p.14). Se a taxa de produtividade é extremanente baixa, e nos últimos anos não houve uma tendência positiva da mesma, de onde virá esta varinha mágica para aumentar a produção de trigo em 3 anos?!

Um aumento de produção do género que o Governo quer, já devia ter indicações positivas no ano zero do plano (2007/2008), devia ter um plano de acção na cadeia de valor onde infraestruturas condignas deveriam existir e, o camponês (não concordo com a terminologia, mas deixo para um outro debate) passaria para pequeno produtor orientado ao lucro, com acesso a um crédito bonificado e, um acompanhamento do seu desenvolvimento.

A agricultura de “cabo curto”, em que a terra é lavrada com enxada, onde a semente é puramente atirada ao solo e se fica a espera da chuva não vai trazer melhorias à nossa economia, desculpem me os decisores de políticas macro-económicas deste país. O pequeno produtor só vai sair da pobreza absoluta se puder produzir eficientemente e vender o seu produto. Este mesmo, leva o dinheiro da operação aumenta a sua área de produção, manda os filhos para a escola, tem alguma poupança para o banco e até paga o imposto ao Estado.

Não esqueçam as lições básicas, o problema que vivemos não é exactamente da produção, porque essa até existe e nos slides de powerpoint até fica muito bonito quando apresentado em plenária, mas lembremo-nos, a questão mesmo é a produtividade. Quantas toneladas de trigo podemos produzir num hectar? O departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2008) projecta uma produção global na ordem de 683.98 mil milhões de toneladas de trigo para 2008/2009, talvez fosse bom começarmos a olhar para estes números e ver como vão afectar a nossa produtividade e, os preços do trigo produzido localmente.

Se não estivermos munidos no próximo ano, temo estar na mesma sala no Ministério da Agricultura a ouvir um técnico sénior a dizer qu a culpa de não haver trigo em Moçambique é dos Malawianos que se assentam na fronteira e compram todo trigo Moçambicano e que o Governo deveria compesar subsidiando o remanascente! Claro, numa economia de mercado quem paga mais é que fica com o produto. Numa economia em que agricultura se quer competitiva, as estradas devem estar em dia para o escoamento do produto, deve haver uma mecanização efectiva, uma cadeia de distribuição eficiente onde cada um sabe exactamente qual é o seu papel.

Obviamente que para uma agricultura competitiva é necessário uma mão forte do Governo através de políticas que fomentem a pratica da actividade, mas olhando os custos envolvidos na produção, o que faz com que os nossos produtos sejam mais caros que os importados como acima referido, aliados a pratica de criação de documentos nos escritórios e sem nenhuma base empírica, faz com que muita gente não abrace esta actividade. Pelo menos não para os empresários, que o seu objectivo final é reduzir custos e aumentar a sua renda. E mais, aqueles que aceitam o desafio, fazem-na só naquelas culturas que acham que tem uma vantagem competitiva (banana, cana de açucar, citrinos, vegetais, tabaco, etc), ficando a parte produção de comida para a população uma actividade do Estado.

Deve haver uma linha clara do que se espera do sector, porque duvido que haja um privado que se vá aventurar na produção de algo enquanto que essa mesma cultura é duas vezes barata em outros países. Independentemente da tecnologia que utilizarmos, vai ser difícil competir com países como China, Vietname, Tailândia por exemplo, numa produção de arroz. Faremos grandes investimentos mas não teremos vantagem competitiva, seria como encetar uma corrida com um beduíno no deserto de sahara. O valor adicional do trabalhador Moçambicano na área da agricultura (World Bank, 2008b) é um dos mais baixos do mundo (US$ 137), e se compararmos com uma África do Sul (US$ 2,391), veremos o quão distante do aceitável estamos. Se o programa do Governo para agricultura em Moçambique é certo ou errado, não é objecto desta discussão, mas que ele precisa de ser melhorado, não há sombra de dúvidas.

Então, vamos olhar para aquele produtor, que quer aumentar a sua renda através de cultivo de espécies rentáveis. Só assim alavancaremos a cadeia de valor, que poderá chegar ao pequeno produtor, o vulgo camponês. Se este quer produzir culturas de rendimento, deixemos que assim o faça porque no final, o resultado da venda (dinheiro) pode usar para comprar arroz de Chokwé (se for competitivo) ou importado de Vietname e frango de Chimoio (se for competitivo) ou importado do Brasil.

O horizonte do Pedsa é muito distante e a volatilidade dos mercados nos últimos anos faz com que as grandes companhias nem consigam planear para um período de mais de 2 anos, e nós estamos a trazer um megaplano para 10 anos!
As projecções económicas mundiais não só decresceram mas também a incerteza é total, deve-se incluir este factor “incerteza” na equação final do Pedsa.

Dino Foi

Referências
1. Anderson, T. W. (1976) `Estimation of Linear Functional Relationships: Approximate Distributions and Connections with Simultaneous Equations in Econometrics', Journal of the Royal Statistical Society, Series B, 38, 1, 1—20
2. Box, G.E.P., & Jenkins , G.M. (1976) Time series analysis: forecasting and control.Revised edition Holden-Day, San Francisco, CA.
3. Cairnes, J. E. (1874). Some Leading Principles of Political Economy. Harper & Brothers Publishers. New York
4. Pedsa (2008). Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário 2009-2018. Ministério da Agricultura. Maputo
5. Porter, M. E. (1985). Competitive advantage. Free Press, New York
6. Porter, M.E. (1990). The Competitive Advantage of Nations. Free Press. New York.
7. Ricardo, David (1817), On the Principles of Political Economy and Taxation. London.
8. Schaefer, H.G. (1995), International Economic Trend Analysis, Westport. Quoram.
9. Smith, A. (1776), An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations. W. Strahan and T. Cadell. London.
10. USDA (2008): World Wheat Supply and Disposition. Accessed at http://www1.agric.gov.ab.ca/$department/deptdocs.nsf/all/sis5349
11. Wood, J.C. & Mclure, M. Eds (1999), Vilfredo Pareto: Critical Assessments of Leading Economists‎. Routledge, 4 Vols. London
12. World Bank (2008a), Mozambique at Glance. Accessed on 18th December 2008, at http://devdata.worldbank.org/AAG/moz_aag.pdf
13. World Bank (2008b). World Development Report 2008: Agriculture for Development. World Bank. Washington, D.C.