Blog sobre Moçambique

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ainda sobre os preços de Transportes e Combustiveis: É preciso pensar-se no futuro !

A decisão ficou em manter os preços dos semi-colectivos "chapa100" nos valores anteriores à tomada da decisão de aumento. Portanto, o custo de uma passagem irá manter-se nos 5,00 mt e 7,5mt na cidade de Maputo. Ontem os transportadores não se fizeram à rua, mas hoje a vida já começa a voltar a normalidade, apesar da Escassez de Gasolina que se verificou durante o dia na maior parte das estações de abasecimento de Combustível de Maputo.

Uma fonte credivel do ramo petrolífero assegurou-me ainda hoje que esta escassez de combustível em Maputo deveu-se ao facto de os principais fornecedores não terem distribuído o combustível nos dias 5 e 6 de Fevereiro nas estações de abastecimento de Maputo, devido à turbulência que se vivia na capital do País. Prefiriram evitar o pior.

Agora que as coisas estão mais calmas é preciso fazer-se uma séria e profunda reflexão sobre o futuro curto,médio e longo. Não se deve esquecer que os preços dos combustíveis estão a aumentar em todo o mundo, que os transportadores não estão a gerar lucros com as tarifas que aplicam, que o Governo deve encontrar uma alternativa viável que passe pelo subsídio ou outra acção de política orçamental ou monetária que ponha cobro a situação,e que os salários reais diminuem à medida que o custo de vida aumenta.

Que solução ?

Como tornar acessível o discurso político: falando sobre o futuro

Achei interessante partilhar hoje este texto de Francisco Ferraz
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Qualquer manifestação política verbal não pode prescindir da clareza, sob pena de não ser entendida pelos eleitores. E uma das palavras mais usuais à linguagem do poder é futuro. Aprenda a falar sobre ele de maneira factível
Não há regra mais importante na comunicação política do que clareza. A política depende do falar: discursar, argumentar, conversar etc. Não basta, entretanto, a palavra para que o candidato diga o que quer, da forma que bem entender. Se ele não falar de maneira a ser entendido pelos eleitores, sua comunicação não vai funcionar. A comunicação, nunca é demais repetir, "não é o que você quer dizer para os outros, mas aquilo que os outros estão interessados em ouvir", na feliz expressão de Ogilvy. Como se usa, na comunicação política, a mesma linguagem usada na comunicação convencional – nas conversas em família, com amigos, no trabalho, no lazer – os conceitos políticos incorporam um grau de ambigüidade muito alto. Diferentes pessoas, numa discussão, por exemplo, usam o mesmo termo com significados diferentes - em certos casos, inclusive opostos. O conceito de poder carrega um significado político muito diferente do que quando aplicado às relações familiares, afetivas, de trabalho, associativas etc.
A linguagem política não guarda qualquer semelhança com aquela empregada na medicina
Nesse aspecto, a linguagem política se diferencia radicalmente daquelas usadas em outras especialidades e profissões - como na física, na biologia, na medicina, na engenharia, no direito, na economia, etc. Estas áreas do conhecimento possuem uma terminologia que só os iniciados nela entendem, depois de um período de treinamento e estudo. Seus termos e conceitos possuem significados claros, não ambíguos, além de conterem referências externas observáveis e previamente descritas, o mais das vezes, de forma quantitativa - fenômenos, sintomas, eventos e comportamentos, por exemplo. Assim, no mundo da medicina, uma convulsão, por exemplo, possui uma descrição sintomática precisa, permitindo a qualquer médico que a observe chegar ao mesmo diagnóstico, dando ao fenômeno o mesmo nome. Tal não ocorre na política, cujos termos mais importantes ao desenvolvimento de teorias e a análise e descrição dos eventos são fartamente partilhados com o senso comum. Atente-se, por exemplo, para a universalidade de uso de conceitos como poder, influência, conflito, interesses e consenso, tão usados na linguagem comum e, por outro lado, tão centrais para a política.
Futuro
O termo futuro é muito usado na política. Os discursos de governantes e de opositores a todo momento referem-se a ele ora como esperança, ora como época de dificuldades. Muito cuidado ao utilizar a palavra futuro na comunicação com o eleitor, uma vez que quanto mais baixo seu nível sócio-econômico, mais distante, remoto e até irrelevante parecer-lhe-á o futuro. Soa-lhe muitas vezes como uma desculpa antecipada para o candidato se justificar pelo que não fará, caso seja eleito, mesmo que o tenha prometido. O futuro na campanha eleitoral é muito próximo (de um a dois anos e, no limite, até quatro anos para certos projetos e providências de realização complicada). Ao falar sobre o futuro próximo, o candidato pode anexar algo sobre um prazo mais longo. Mas isso deve ser pintado como grandioso, sem ser utópico.
O eleitor, por definição, não quer esperar pelos projetos que ele próprio escolheu
Jamais se deve esquecer que o eleitor é imediatista. Ele sabe que a convergência que faz o político (pessoa importante) procurá-lo (pessoa comum) é ocasional, curta, não duradoura e incerta. Por isso, espera resultados imediatos e críveis. É preferível oferecer menos do realizável a curto prazo, do que muito do que já foi muitas vezes prometido e não realizado - ou do que pareça-lhe pouco provável de realizar no curto prazo. O período da promessa crível em uma eleição é o mandato. Ao fim deste, havendo a possibilidade de reeleição, pode-se então extrapolar os objetivos para o próximo período. O contato com o eleitor deve ser estabelecido a partir da realidade atual, quando as melhorias podem ser julgadas como realizáveis ou não. É mais prudente prometer menos do que se sabe que vai realizar - e, quando se entrega a obra ou realização, deve-se divulgar fortemente que se fez além do prometido, pela capacidade administrativa e pelo bom uso do dinheiro público.
Além disso, é conveniente realizar-se aos poucos a obra ou projeto, para valorizá-la, manter um ritmo de mudança contínua e fazer com que as pessoas acompanhem a execução do início até o seu fim. Se tudo for concluído logo, passados alguns anos do mandato as pessoas não mais a valorizarão como uma realização nova, uma conquista, uma demonstração de capacidade da sua gestão. Acostumadas com ela, a sensação que têm é que aquilo já não conta muito politicamente a seu favor. Aquela realização está prestes a se encaminhar para o esquecimento das circunstâncias de sua implementação.
Aqui é impossível não recordar Maquiavel, quando diz, em O Príncipe: "O mal deve ser feito de uma só vez, mas o bem deve ser feito aos poucos, porque as pessoas esquecem o bem que lhes foi feito com muita facilidade".
Francisco Ferraz
Editor Responsável: Francisco Ferraz

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Preços dos "chapas" já não vão subir por enquanto

Os Preços dos Chapas já não vão subir, segundo os resultados da negociação entre o governo e a Federação dos transportadores (FEMATRO), que se prolongou pela noite de ontem para resolver a questão das manifestações que paralisaram muitas actividades na cidade de Maputo.

Na manhã de hoje as pessoas fizeram-se à rua, mas para sua surpresa os transportadores não estão a circular, provavelmente devido a vários factores. Um deles é provavelmente o medo dos transportadores de serem violentados pelos populares pois a situação de ontem criou algum medo no seio dos motoristas e cobradores dos chapas.

Outro factor pode ser uma provável greve silenciosa por parte dos transportadores pois segundo alegam, eles é que estão a subsidiar os passageiros quando devia ser o Governo a fazê-lo, e com os preços actuais não é possivel cobrir os custos de exploração e muito menos lucrar neste negócio concorrencial.

E agora ? quem subsidia a quem ? por um lado temos os transportadores que dizem que os custos de combustíveis são altos e que são insustentáveis; por outro lado está o cidadão que defende que os salários são baixos e a estes preços dos transportes o custo de vida é insustentávelmente alto; e por outro o Ministério dos Transportes e Comunicações que procura mediar de alguma maneira a situação.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Presidente do Banco Mundial em Moçambique Vs. Tumultos em Maputo

Hoje fiquei a saber que o Presidente do Banco Mundial Robert Zoellick, deu nota positiva ao crescimento da Economia Moçambicana, no final da sua visita a Moçambique, num périplo que o levará igualmente a Mauritânia, Liberia e Etiopia. Esta performance, caracterizada por um crescimento económico médio de 8% ao ano e uma redução da pobreza em 15% nos últimos anos, irá contribuir para melhorar o nível de vida das populações, segundo Robert Zoellick.

Apesar das palavras satisfatórias e encorajadoras do Banco Mundial, a situação económica e social na cidade de Maputo está tumultuosa, com as manifestações iniciadas na manhã de hoje, 05/02/08, causadas pelo aumento das tarifas dos transportes semi-colectivos "chapa100", aliado ao aumento do preço do pão e de alguns produtos básicos no mercado de Maputo, um mercado determinante no desempenho da economia de Moçambique.

A consequencia imediata foi a paralisação dos transportes públicos e inclusivé particulares, e o encerramento de vias de acesso e de vários estabelecimentos comerciais nas principais praças comerciais de Maputo, nomeadamente a Baixa da cidade, o alto-maé, o mercado central, os acessos ao mercado de Xipamanine, Fajardo, etc.

Os bancos comerciais também encerraram algumas dependências, o que está a gerar uma paralisação de várias transacões. Idém para a telefonia móvel que, mais uma vez, dada a azáfama, demonstrou que ainda precisa de melhorar a sua capacidade.

Agora fiou um ping-pong entre os transportadores, o governo e os populares. cada um puxa a braza para o seu lado !! Só espero que as expectativas criadas pelo Banco Mundial em relação à economia Moçambicana se reajustem o mais rápido possível.
Foto tirada aqui

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Mais um VW "carochinha" foi-se em Maputo

Mais uma das poucas viaturas VW "Carochinha" que ainda resistem na cidade de Maputo foi-se na última sexta-feira, levada pelas chamas na esquina entre as Avs. 24 de Julho e Carl Marx. Até ao final de domingo, dia dos Héróis Nacionais, a carochinha ainda estava lá na esquina...
O Jornal noticias refere que o condutor sofreu ferimentos.
Esses carros .. .. .. estão a ficar escassos... !!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Tráfico de Crianças em Moçambique, Religião, Sensassionalismo em alguma imprensa ou Mal Entendidos ?

Há um suposto tráfico de crianças em Moçambique que vem à baila, com a detenção de um indivíduo que tranportava 40 crianças de algumas Províncias para Maputo.
Logo após a detenção do camião, houve alguma precipitação e sensacionalismo de alguns órgãos de informação e de alguns círculos de opinião, em afirmar que tratava-se de tráfico de crianças, e inclusivé surgiu o aproveitamento político da situação e a procura imediata de protagonismo por parte de alguns círculos que se afirmam legitimos para falar sobre esses assuntos.

Faltou cautela e investigação do assunto antes de procurar-se pelas pessoas e instituições certas. Depois veio a público a voz de alguns pais das referidas crianças afirmando que os seus filhos iam a Maputo, com o seu consentimento, cumprir com práticas religiosas em maputo.

Um representante da comunidade Muçulmana disse na TVM que não há tráfico de menores, faz parte da tradição da zona norte os pais entregarem os seus filhos para serem educados. O representante averiguou e soube-se que o homem transportou as crianças por iniciativa individual, porque em Maputo há as melhores escolas "Madrassa".

A Polícia da República de Moçambique (PRM) está a trabalhar no assunto e tem o indivíduo sob sua custódia, está a investigar, mas sempre há uma pulga para atrapalhar, até as investigações.

A questão mantem-se: Haverá mesmo tráfico de crianças em Moçambique ? Será que trata-se de sensasionalismo de alguma imprensa precipitada ? Ou Trata-se de questões religiosas dos islâmicos?

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Tarifa dos "Chapa 100" afectam o Povo e a economia Moçambicana

Os transportadores dos semi-colectivos, vulgo "chapa 100" (não confundir com Chapa100) , através da sua Confederação, a Federação Moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), acabam de propor ao governo o agravamento das tarifas de passagem dos actuais 5,00 mt/7,50 mt para 12,50 a 14,5o mt por passageiro.
A subida dos preços de combustiveis é a principal causa desta reacção dos transportadores que, segundo alegam, estão a carregar o "fardo" dos sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis há bastante tempo. Por outro lado, a transportadora pública já anunciou que vai agravar as tarifas dos actuais 4,50 mt para 5,00 mt apartir do póximo dia 1 de fevereiro, alegando igualmente a subida dos preços dos combuistíveis e o aumento do valor dos custos de exploração dos TPM (Transportes Públicos de Maputo).

O Povo não ficou para trás: O Bairro da Matola J, na província do Maputo, acordou em alvoroço ontem quando um grupo de transportadores semicolectivos de passageiros, da rota Matola “J”Mavoco, decidiu alterar a tarifa de passagem de 5 para 7.50 meticais, segundo o Jornal Notícias.
Ainda segundo aquele órgão de informação, a medida não foi bem acolhida pelos utentes, na sua maioria pequenos agricultores, que foram amotinar-se na terminal exigindo a redução do valor. Essa manifestação levou os “chapeiros” a pararem com a actividade e dezenas de pessoas a ficarem privadas daquele serviço.
Para os manifestantes, não se justifica que de uma hora para outra os transportadores alterem a tarifa porque os utentes daquela via não possuem muitos recursos para sustentar as viagens.
Alguns "analistas" já apontam para uma negociação que possa culminar numa tarifa de 10,00 mt por passagem após a negociação entre os tranportadores e o Governo, tomando em consideração o salário mínimo nacional, que ronda aos 1.700,00 mt.