Blog sobre Moçambique

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O que Fazer pela economia do Haiti após o terramoto ?

O The Economist tem um artigo sobre o Haiti, um país devastado por um terramoto que tirou a vida a cerca de 200.000 pessoas, destruiu infra-estruturas e colocou o País numa situação de desespero. O Haiti já antes do tremor de terra era considerado como uma das economias mais pobres do Mundo, conta agora apenas com a ajuda da Comunidade internacional, com um um número insignificante de instituições em funcionamento pleno, na medida em que uma grande percentagem dos membros do Governo e das mais altas individualidades do estado perderam as vidas. A ajuda internacional não tardou a chegar ao Haiti. Estados Unidos, China, Canadá, Brasil, Cuba juntam-se as promessas de ajuda que rondam a 1 bilião de USD.

O principal ponto que me leva a citar o The Economist é o debate em torno dos desafios do Haiti a médio e longo prazo, um país que terá praticamente que começar da estaca zero, uma vez que perdeu-se muito pessoal qualificado e as instituições têm uma fraca influencia principalmente com esta crise instalada em que quem efectivamente liderá a logística de recuperação do País são os EUA.

Esta entrada em peso dos estados Unidos (agora para ajuda, uma vez que já estiveram lá no passado) no Haiti, como é que pode ser vista pelos próprios Haitianos ? Certamente que o cidadão comum fica satisfeito por ver os Americanos por aquelas bandas pois verão os seus problemas de água, alimentos, combustíveis, medicamentos e abrigo resolvidos.

Este é o cenário actual, mas da crise até a construção de um país melhor no Haiti já entra-se para um debate mais profundo. Num país repleto, momentâneamente de campos de afectados à volta da capital, onde o Governo não tem um espaço adequado para planificar o desenvolvimento, exige-se investimento virado para infra-estruturas e serviços básicos. Mas quem vai fazer os planos e como vai fazer ? O Governo está sem capacidade, o País tem uma enorme crise de desenvolvimento sustentável a ver pelo desflorestamento nos últimos anos no Haiti, que provavelmente não contribuem em nada para o ambiente.

Sugerem-se conferências de doadores, seminários e meetings internacionais para analisar-se a situação do Haiti e buscarem-se alternativas de saída da crise. Uma saída mais pacífica no seio da comunidade doadora é a criação de uma entidade, sob liderança da Organização das Nações Unidas (ONU) liderada por um outsider (nomes como Bill Clinton e George Bush já foram avançados mas ainda não reunem consensos no debate), em colaboração com um proeminente Haitiano como Primeiro-Ministro. A esta pressão dos doadores o actual governo afirma estar em condições de liderar a mudança e a reconstrução do Haiti porque uma nova autoridade retiraria legitimidade ao governo em exercício, eleito democraticamente.

Os primeiros sinais estão a ser dados para a recuperação da economia do Haiti. A reabertura dos bancos e de algumas lojas cujos edifícios não sofreram com o tremor representam um sinal de que as autoridades procuram soluções, mas ainda longe de serem claramente visualizadas num país em que mais de dois terços da população vive da garicultura, da produção de milho, açucar, arroz, café e madeira e com uma grande insuficiência alimentar.

Que soluções para a recuperação do o Haiti após o terramoto ? Isto faz-me pensar em Moçambique e imaginar uma catástrofe da mesma natureza no nosso País. Espero que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de Moçambique tome o caso do Haiti como um caso de estudo e que através desta experiência melhore as suas abordagens de prevenção e gestão de calamidades.

9 comentários:

Jorge Saiete disse...

Muhate,
mais uma vez o mundo mostra que é especialista é perder o focus. cá para mim, o importante neste primeiro momento, é acudir os sobreviventes, oferecendo agua, medicamentos, comida e quiçá, tendas para se abrigarem. Paralelamente a isso há que enterrar os mortos como forma de evitar a eclosão de epedemias. Esse primeiro esforço, deve ser coordenado pelo governo haitiano e não por Bush ou Cliton, nem, Ki Mon. è preciso lembrar que o haiti é um pais que não se resume a capital. há muita gente capaz de dirigir, tanto no interior do país como no estrangeiro, pelo que não precisam de importar quem quer que seja, nem que a sua cotação esteja em alta.

depois da fase de emergencia, há que entrar na reconstrução propriamente dita e aqui também, devem ser os haitianos, os donos do processo. a comunidade internacional deve conferir assistencia, seja material e tecnica e nunca querer ser ela a dirigir.

é interessante, como se perde tempo e se desperdiça energias a discutir futilidade, do tipo quem dirige, em vez de ajudar aquele povo sofrido.

Os hatianos não precisam de ser um protectorado de quem quer que seja. Eles mostraram isso ao longo da Historia.Aliás, a reabertura de alguns bancos é pos si revelador da vontade e capacidade haitiana de andar por si, nem que a bengala seja emprestada

Basilio Muhate disse...

Jorge

realmente é importante que antes que se pense em muita coisa se recupere o danificado, se crie condições para que as vitimas do terramoto tenham assistencia imediata. mas isso já está sendo feito.

Mas será que há governo capaz de reconstruir o Haiti quando o mesmo já ha anos não consegue colocar a economia do País nos carris desejados, mesmo sem calamidades naturais ?

O Governo veio a público dizer que tem capacidade de reconstruir, e que tem um plano para o efeito, mas não disse ainda o que vai fazer de diferente num país com altissimos indices de corrupção.

Anônimo disse...

O Haiti é uma economia perdida que sozinha não sobrevive. Terá que passar mais algumas décadas vivendo do auxilio externo e de doações e deverá acontecer uma reforma governamental que acabe com a corrupção.

Antunes - SP

Veiga disse...

O Haiti, quer queiramos quer não, a sua existência resume-se a uma sucessão de instantes de sofrimento aprisionados entre o «tudo» que ficou para trás e o «nada» que têm pela frente Talvez todo o azar que os bafeja seja a sorte de outros que vão tirar partido da sua reconstrução e provavelmente o povo Haitiano vai continuar a ser o menos beneficiado.
António Veiga

Anônimo disse...

infelizmente,não vejo como o país poderá tornar-se um estado capaz de gerir sua própria sorte.Alto índice de analfabetismo,logo,torna-se muito mais fácil que a corrupção seja perene;sem indústria,sem raw materials,...Creio que com toda a ajuda internacional do momento,possam tornar-se um país um pouco mais estável,com algum progresso na area da agricultura.

Basilio Muhate disse...

Caro Veiga

Ao Povo Haitiano restam apenas as maos e o capital humano. Toda a capacidade material remanescente e insuficiente para fazer face a crise. O Povo Haitiano tem uma oportunidade de trabalhar, de encarar este desafio como uma oportunidade

Basilio Muhate disse...

Caro Rotten

Analfabetismo constitui um grande obstaculo. Igualmente a falta de raw materials coloca o Haiti numa posicao de fraqueza para sair da crise sozinha.
Mas sera necessario buscar pessoas de fora do Haiti para fazer a Gestao da recuperacao ou basta financiar e potenciar as instituicoes locais ?

jader resende disse...

Caro amigo
Hoje dois postes sobre o Haiti.
Claro que pouco entendo sobre tão complexo problema e de difícil solução.
Acho que o importante é manter o Haiti vivo na memória do mundo e dar tempo ao tempo.
Ficaria honrado com sua visita aos postes sobre o Haiti.
Abraços

Basilio Muhate disse...

Caro Resende

Nao ha tempo para dar tempo a tempo no Haiti. Ja ha accoes de reconstrucao em pratica, mas continuam as disputas internacionais para assumir se a lideranca na reconstrucao do Haiti. Obrigado pela referencia do seu website, irei la comentar.