Blog sobre Moçambique

domingo, 14 de dezembro de 2008

China e India Vulneráveis

A Revista The Economist apresenta um artigo na sua edição impressa intitulado " China and India Suddenly vulnerable", apontando para o alerta que a crise económica internacional

O artigo aponta que até muito recentemente, a China e a Índia sentiam-se em grande medida imunes ao contágio económico e financeiro que aflige os EUA e o mundo ocidantal em geral. Os optimistas ainda esperavam que estes enormes mercados emergentes poderiam fornecer os motores que poderiam puxar o mundo para fora da recessão. No entanto, agora, alguns temem o contrário: que a recessão mundial está indo para a China e a Índia arraste para baixo com ela, elevando o desemprego massivo para dois países.

As dificuldades políticas e económicas enfrentadas pelos dois Países, em particular a India com os ataques terroristas do mês passado podem manchar o crescimento económico médio anual de cerca de 8,8%. As exportações em outubro na India cairam 12% em comparação com o mesmo mês do ano passado, centenas de pequenas empresas têxteis foram à falência; até mesmo algumas das estrelas da indústria indiana nos últimos anos, na indústria automóvel, suspenderam a produção. O banco central reviu a sua previsão de crescimento econômico neste ano em baixa, a 7.5-8%, o que ainda está otimista. No próximo ano, a taxa pode cair bem para 5,5% ou menos, o valor mais baixo desde 2002.

A China também não fica para trás, e os valores para o comércio no mês passado, com exportações inferiores a 2% em relação a novembro de 2007 e as importações 18% são dados preocupantes. a Geração de energia elétrica, geralmente um número confiável, em caiu 7%.
O artigo aponta igualmente a proliferação de manifestações e protestos na China.

Vale a pena ler na íntegra este artigo "China and Índia - Suddenly vulnerable"

domingo, 7 de dezembro de 2008

Preocupações sobre a Economia de Moçambique em 2009

Tenho estado a pensar como será a economia de Moçambique em 2009, e as vezes fico preocupado:

1. A Economia Mundial está em recessão e continua o debate sobre os impactos da crise financeira internacional em Moçambique. Para além da AMECON que tem estado a levar à cabo esta reflexão, a recem-realizada Conferência Economica do BIM voltou a trazer o debate que vem mostrar duas escolas de pensamento económico em Moçambique. os Pessimistas e os optimistas. Mas a questão que coloco é: como será em 2009 ?

2. Preços de combustíveis em Moçambique, que registaram uma ligeira descida no País, depois de uma contenção durante um longo período. Primeiro gostariamos de saber porque é que, estando o preço a baixar no mercado internacional o Governo não mexeu com os preços em Moçambique. Provavelmente daí surgiu algum superavit ou alguma reserva. vamos precisar de saber qual foi a motivação desta manutenção para termos uma ideia para termos alguma ideia do futuro. Será que os preços dos combustíveis irão subir ou irão descer em 2009 ?

3. Segundo o INE, as expectativas de emprego registaram um abrandamento em Outubro interrompendo a trajectória ascendente que vinham observando nos últimos 4 meses. Essa interrupção da trajectória ascendente das expectativas de emprego no mês de Outubro deveu-se ao agravamento da quebra de opinião nos Sectores do Comércio, Alojamento e Restauração, Industria e Construção o qual suplantou a recuperação ligeira nos sectores dos Transportes, Industria e dos Outros Serviços. Será que em 2009 as baixas expectativas de emprego irão alterar-se ?

Então aqui está o que eu estou pensando: será que vai, de facto, até ser possível manter os níveis de crescimento da economia Moçambicana num contexto de queda livre internacional ? Continuo a questionar-me.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

ARTIGO DE PAUL KRUGMAN SOBRE PROCURA E OFERTA AGREGADA

Paul Krugman tem um interessate artigo , para o curso de graduação de professores de macroeconomia, analisando políticas salariais de acordo com o modelo global de oferta e Procura agregada familiar. O Argumento de Krugman assenta-se na permissa de que a economia da Grande Depressão esteve numa armadilha de liquidez, o que implica que a curva AD (procura agregada) é vertical, que por sua vez implica que as políticas que inclinam negativamente a curva AS (oferta agregada) não afetam equilíbrio do produto a curto prazo. Assim, uma política que em circunstâncias normais seria má, não é má sob a circunstâncias extraordinárias da década de 1930.

Gregory Mankiw da Universidade de Harvard, considera que, mesmo permanecendo no modelo AS-AD, parece possível sustentar o ponto de vista oposto. Mankiw apresenta um exemplo de um gerente de uma empresa a considerar um projecto de investimento a longo prazo. O presidente acaba de anunciar uma política para incentivar seus trabalhadores a formar um cartel. Como é que isso influencia a decisão de avançar com o projecto? Muito provavelmente, não dissuade você. "Spending", no entanto, faz parte da procura agregada (na verdade, um dos componentes mais voláteis). Assim, a política poderia deslocar a curva AD, bem como a curva AS, em uma direção contractionaria.

De forma geral, o estado da procura agregada depende de uma variável amorfa chamada confidence. Qualquer coisa que ameace a estragar AS, a longo prazo, muito provavelmente reduz a confiança e AD, no curto prazo. Esta abordagem ´pode ser últil aos estudantes de economia, mas os acontecimentos no mundo real raramente são tão claros.

veja aqui o Artigo de Paul Krugman

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

IX Conferência Anual do Sector Privado – Moçambique

Decorre de 29 a 30 de Outubro em Maputo, a 11ª Conferência Anual do Sector Privado sob o lema “Produtividade e competitividade: Caminhos para o Mercado Global. O Encontro de Maputo tem em agenda assuntos ligados à interacção entre o sector privado e o governo, nomeadadamente os custos de transacção, a visão estratégica para o desenvolvimento da agricultura em Moçambique, as oportunidades de negócios , a actual crise financeira mundial e as suas repercursões no mercado Nacional e outros assuntos de interesse económico.

O Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, que procedeu à abertura do evento salutou o evento e tocou naquilo que se considera como o principal desafio para o desenvolvimento de Moçambique nos próximos anos: tornar os distritos como polos de desenvolvimento de Moçambique. Apontou as medidas que o Governo Moçambicano vem levando à cabo para o efeito tendo indicado a implantação de mais infra-estruturas tais como as rodovias e ferrovias que facilitam a ligação entre os centros industriais e comerciais do País, a expansão da rede nacional de energia eléctrica, de telefonia móvel e fixa que viabilizam empreendimentos sociais e económicos e facilitam a comunicação dentro do País e com o resto do mundo.


O Presidente da Confederação das Associações Economicas e Empresarias de Moçambique (CTA), Salimo Abdula, no seu speech de abertura em representação do sector privado defendeu a necessidade de incremento de reformas profundas no ambiente de negócios como forma de baixar os custos e aumentar a produtividade e competitividadeque o sector privado necessita para a sua inserção efectiva na economia mundial.
Salimo Abdula apontou igualmente os desafios que se impõem ao sector privado Moçambicano face à crise financeira internacional, sugerindo que o Governo e o Banco Central Moçambicano (Banco de Moçambique ) garantam a manutenção das linhas de disponibilidade de crédito bancário interno para o sector produtivo.


Certamente que a crise Financeira internacional será o pano de fundo nas reflexões deste encontro do Sector Privado Moçambicano e é importante referir que recentemente o Governo Moçambicano veio a público tranquilizar os agentes económicos considerando que a crise económica internacional não terá efeitos nefastos para o País, pelo menos a curto prazo. No entanto esta posição do Governo não é aceite por todos os quadrantes da economia Nacional, principalmente pelo sector privado Moçambicano. Mantém-se a questão da apreensão do sector privado pois o sector financeiro Moçambicano é dominado por firmas Estrangeiras (Sul Africanas, Europeias e Asiáticas) que estão sob elevado risco de rotura financeira causada pela escassez de liquidez e pelos excessos que o sistema internacional de crédito suportaram durante os últimos anos.


A Grande questão que se coloca é saber se o Governo Moçambicano, através das suas combinações de políticas fiscal e monetária, vai seguir o exemplo dos EUA e Reino Unido, de “escangalhar” várias teorias macroeconómicas sobre o papel do estado na economia e, tal como diz Marcelino dos Santos, adotar o único sistema actualmente viável para tirar o planeta e o continente da crise: o Socialismo científico ??
Foto tirada aqui

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Governação Corporativa em Moçambique (Corporate Governance)

A Expressão governação Corporativa ou ainda Corporate Governance é ainda nova entre nós. Muitos já se consideram experts na matéria mas continuamos a encontrar dificuldades em explicar o significado da expressão. Actualmente muito usada na área empresarial, esta expressão significa as várias políticas, regras e leis que orientam o funcionamento das empresas e firmas, tanto em termos de administração assim como controle. A governação corporativa versa-se igualmente sobre as ligações entre agentes internos e externos das empresas na sua actuação.

A literatura existente sobre a matéria aponta os acionistas e administradores das firmas como os principais actores, mas inclui também os funcionários, fornecedores e clientes, bancos e outros credores, instituições e órgãos reguladores e até a comunidade em geral.

A principal preocupação da Governação corporativa ou corporate governance é levar os agentes ou actores empresariais e institucionais a obedecerem e cumprirem com os códigos de conduta empresariais de modo a reduzirem no máximo os conflitos de interesses entre si e maximizarem os seus proveitos, pois este exercício produz vantagens económicas para as firmas.

A Enciclopédia wikipédia aponta que tem havido um renovado interesse no assunto de governança corporativa desde 2001, particularmente devido aos espetaculares colapsos de grandes corporações norte-americanas como a Enron Corporation e Worldcom. Em 2002, o governo federal norte-americano aprovou a Lei Sarbannes-Oxley, com o propósito de restaurar a confiança do público em geral na governança corporativa.

Em Moçambique, o conceito de Governação Corporativa vem ganhando maior espaço. Segundo a International Chamber of Commerce este conceito é introduzido em Moçambique nos finais da década de 90, onde o focal point para a governação corporativa era a Confederação das Associações Económicas e Empresariais de Moçambique (CTA), instituição que representa o sector empresarial no País. O Código comercial Moçambicano, segundo a ICC contém linhas de orientação para a governação corporativa, mas não é um código de governação corporativa.

Mais recentemente foi criado o Instituto de Directores de Moçambique (IoDmz), instituição que representa administradores, directores e outros executivos de topo da hierarquia das empresas e organizações do sector público e privado, enquanto pessoas individuais que contribuem significativamente para o progresso e para o desenvolvimento da sociedade moçambicana. Esta instituição pretende criar espaços de informação e discussão sobre o Corporate Governance, sustentando um fórum no qual os indivíduos são encorajados a expressar os seus pontos de vista e prestar os seus contributos, aspirando contribuir para o progresso dos negócios e das políticas públicas visando o bem comum.

É importante que este conceito, mesmo para o caso de Moçambique, seja claramente explicado e que continue a abordar-se o tema em vários fóruns, porque já vi e ouvi muitos que fingem saber o que é governação corporativa, mas que depois percebe-se que ou não sabem e estão a tentar ou fingem saber simplesmente para agradar a qualquer um. Mas também já tivemos oportuinidades de testemunhar boas lições e exemplos de corporate governance por Moçambique dentro. O mais importante para uma economia Moçambicana é que estas relações contribuam efectivamente para o desenvolvimento e crescimento económico, para consolidar as vantagens competitivas do sector privado nacional e para que as firmas estejas melhor preparadas para fazer face a integração económica regional.