Blog sobre Moçambique

domingo, 7 de dezembro de 2008

Preocupações sobre a Economia de Moçambique em 2009

Tenho estado a pensar como será a economia de Moçambique em 2009, e as vezes fico preocupado:

1. A Economia Mundial está em recessão e continua o debate sobre os impactos da crise financeira internacional em Moçambique. Para além da AMECON que tem estado a levar à cabo esta reflexão, a recem-realizada Conferência Economica do BIM voltou a trazer o debate que vem mostrar duas escolas de pensamento económico em Moçambique. os Pessimistas e os optimistas. Mas a questão que coloco é: como será em 2009 ?

2. Preços de combustíveis em Moçambique, que registaram uma ligeira descida no País, depois de uma contenção durante um longo período. Primeiro gostariamos de saber porque é que, estando o preço a baixar no mercado internacional o Governo não mexeu com os preços em Moçambique. Provavelmente daí surgiu algum superavit ou alguma reserva. vamos precisar de saber qual foi a motivação desta manutenção para termos uma ideia para termos alguma ideia do futuro. Será que os preços dos combustíveis irão subir ou irão descer em 2009 ?

3. Segundo o INE, as expectativas de emprego registaram um abrandamento em Outubro interrompendo a trajectória ascendente que vinham observando nos últimos 4 meses. Essa interrupção da trajectória ascendente das expectativas de emprego no mês de Outubro deveu-se ao agravamento da quebra de opinião nos Sectores do Comércio, Alojamento e Restauração, Industria e Construção o qual suplantou a recuperação ligeira nos sectores dos Transportes, Industria e dos Outros Serviços. Será que em 2009 as baixas expectativas de emprego irão alterar-se ?

Então aqui está o que eu estou pensando: será que vai, de facto, até ser possível manter os níveis de crescimento da economia Moçambicana num contexto de queda livre internacional ? Continuo a questionar-me.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

ARTIGO DE PAUL KRUGMAN SOBRE PROCURA E OFERTA AGREGADA

Paul Krugman tem um interessate artigo , para o curso de graduação de professores de macroeconomia, analisando políticas salariais de acordo com o modelo global de oferta e Procura agregada familiar. O Argumento de Krugman assenta-se na permissa de que a economia da Grande Depressão esteve numa armadilha de liquidez, o que implica que a curva AD (procura agregada) é vertical, que por sua vez implica que as políticas que inclinam negativamente a curva AS (oferta agregada) não afetam equilíbrio do produto a curto prazo. Assim, uma política que em circunstâncias normais seria má, não é má sob a circunstâncias extraordinárias da década de 1930.

Gregory Mankiw da Universidade de Harvard, considera que, mesmo permanecendo no modelo AS-AD, parece possível sustentar o ponto de vista oposto. Mankiw apresenta um exemplo de um gerente de uma empresa a considerar um projecto de investimento a longo prazo. O presidente acaba de anunciar uma política para incentivar seus trabalhadores a formar um cartel. Como é que isso influencia a decisão de avançar com o projecto? Muito provavelmente, não dissuade você. "Spending", no entanto, faz parte da procura agregada (na verdade, um dos componentes mais voláteis). Assim, a política poderia deslocar a curva AD, bem como a curva AS, em uma direção contractionaria.

De forma geral, o estado da procura agregada depende de uma variável amorfa chamada confidence. Qualquer coisa que ameace a estragar AS, a longo prazo, muito provavelmente reduz a confiança e AD, no curto prazo. Esta abordagem ´pode ser últil aos estudantes de economia, mas os acontecimentos no mundo real raramente são tão claros.

veja aqui o Artigo de Paul Krugman

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

IX Conferência Anual do Sector Privado – Moçambique

Decorre de 29 a 30 de Outubro em Maputo, a 11ª Conferência Anual do Sector Privado sob o lema “Produtividade e competitividade: Caminhos para o Mercado Global. O Encontro de Maputo tem em agenda assuntos ligados à interacção entre o sector privado e o governo, nomeadadamente os custos de transacção, a visão estratégica para o desenvolvimento da agricultura em Moçambique, as oportunidades de negócios , a actual crise financeira mundial e as suas repercursões no mercado Nacional e outros assuntos de interesse económico.

O Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, que procedeu à abertura do evento salutou o evento e tocou naquilo que se considera como o principal desafio para o desenvolvimento de Moçambique nos próximos anos: tornar os distritos como polos de desenvolvimento de Moçambique. Apontou as medidas que o Governo Moçambicano vem levando à cabo para o efeito tendo indicado a implantação de mais infra-estruturas tais como as rodovias e ferrovias que facilitam a ligação entre os centros industriais e comerciais do País, a expansão da rede nacional de energia eléctrica, de telefonia móvel e fixa que viabilizam empreendimentos sociais e económicos e facilitam a comunicação dentro do País e com o resto do mundo.


O Presidente da Confederação das Associações Economicas e Empresarias de Moçambique (CTA), Salimo Abdula, no seu speech de abertura em representação do sector privado defendeu a necessidade de incremento de reformas profundas no ambiente de negócios como forma de baixar os custos e aumentar a produtividade e competitividadeque o sector privado necessita para a sua inserção efectiva na economia mundial.
Salimo Abdula apontou igualmente os desafios que se impõem ao sector privado Moçambicano face à crise financeira internacional, sugerindo que o Governo e o Banco Central Moçambicano (Banco de Moçambique ) garantam a manutenção das linhas de disponibilidade de crédito bancário interno para o sector produtivo.


Certamente que a crise Financeira internacional será o pano de fundo nas reflexões deste encontro do Sector Privado Moçambicano e é importante referir que recentemente o Governo Moçambicano veio a público tranquilizar os agentes económicos considerando que a crise económica internacional não terá efeitos nefastos para o País, pelo menos a curto prazo. No entanto esta posição do Governo não é aceite por todos os quadrantes da economia Nacional, principalmente pelo sector privado Moçambicano. Mantém-se a questão da apreensão do sector privado pois o sector financeiro Moçambicano é dominado por firmas Estrangeiras (Sul Africanas, Europeias e Asiáticas) que estão sob elevado risco de rotura financeira causada pela escassez de liquidez e pelos excessos que o sistema internacional de crédito suportaram durante os últimos anos.


A Grande questão que se coloca é saber se o Governo Moçambicano, através das suas combinações de políticas fiscal e monetária, vai seguir o exemplo dos EUA e Reino Unido, de “escangalhar” várias teorias macroeconómicas sobre o papel do estado na economia e, tal como diz Marcelino dos Santos, adotar o único sistema actualmente viável para tirar o planeta e o continente da crise: o Socialismo científico ??
Foto tirada aqui

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Governação Corporativa em Moçambique (Corporate Governance)

A Expressão governação Corporativa ou ainda Corporate Governance é ainda nova entre nós. Muitos já se consideram experts na matéria mas continuamos a encontrar dificuldades em explicar o significado da expressão. Actualmente muito usada na área empresarial, esta expressão significa as várias políticas, regras e leis que orientam o funcionamento das empresas e firmas, tanto em termos de administração assim como controle. A governação corporativa versa-se igualmente sobre as ligações entre agentes internos e externos das empresas na sua actuação.

A literatura existente sobre a matéria aponta os acionistas e administradores das firmas como os principais actores, mas inclui também os funcionários, fornecedores e clientes, bancos e outros credores, instituições e órgãos reguladores e até a comunidade em geral.

A principal preocupação da Governação corporativa ou corporate governance é levar os agentes ou actores empresariais e institucionais a obedecerem e cumprirem com os códigos de conduta empresariais de modo a reduzirem no máximo os conflitos de interesses entre si e maximizarem os seus proveitos, pois este exercício produz vantagens económicas para as firmas.

A Enciclopédia wikipédia aponta que tem havido um renovado interesse no assunto de governança corporativa desde 2001, particularmente devido aos espetaculares colapsos de grandes corporações norte-americanas como a Enron Corporation e Worldcom. Em 2002, o governo federal norte-americano aprovou a Lei Sarbannes-Oxley, com o propósito de restaurar a confiança do público em geral na governança corporativa.

Em Moçambique, o conceito de Governação Corporativa vem ganhando maior espaço. Segundo a International Chamber of Commerce este conceito é introduzido em Moçambique nos finais da década de 90, onde o focal point para a governação corporativa era a Confederação das Associações Económicas e Empresariais de Moçambique (CTA), instituição que representa o sector empresarial no País. O Código comercial Moçambicano, segundo a ICC contém linhas de orientação para a governação corporativa, mas não é um código de governação corporativa.

Mais recentemente foi criado o Instituto de Directores de Moçambique (IoDmz), instituição que representa administradores, directores e outros executivos de topo da hierarquia das empresas e organizações do sector público e privado, enquanto pessoas individuais que contribuem significativamente para o progresso e para o desenvolvimento da sociedade moçambicana. Esta instituição pretende criar espaços de informação e discussão sobre o Corporate Governance, sustentando um fórum no qual os indivíduos são encorajados a expressar os seus pontos de vista e prestar os seus contributos, aspirando contribuir para o progresso dos negócios e das políticas públicas visando o bem comum.

É importante que este conceito, mesmo para o caso de Moçambique, seja claramente explicado e que continue a abordar-se o tema em vários fóruns, porque já vi e ouvi muitos que fingem saber o que é governação corporativa, mas que depois percebe-se que ou não sabem e estão a tentar ou fingem saber simplesmente para agradar a qualquer um. Mas também já tivemos oportuinidades de testemunhar boas lições e exemplos de corporate governance por Moçambique dentro. O mais importante para uma economia Moçambicana é que estas relações contribuam efectivamente para o desenvolvimento e crescimento económico, para consolidar as vantagens competitivas do sector privado nacional e para que as firmas estejas melhor preparadas para fazer face a integração económica regional.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Sobre a Crise economica nos EUA

O Doutor em Economia, o Prof. Ubiratan Ioro, escreve um dos melhores artigos sobre a actual crise norte americana. O Grande debate que hoje se coloca em algumas escolas de pensamento económico concentra-se em torno das teorias do intervencionismo público na economia.
Há quem considere que a intervenção americana só representa mais crises futuras, crises cada vez maiores e que não diminui risco sistêmico algum e tragicamente cumpre o destino de toda intervenção: traz resultados contrários ao que pretendia. Só torna o tal risco cada vez maior, devido à fragilidade que as instituições financeiras vão “ganhando” com políticas subótimas, políticas que, no fundo, são subsidiadas pelo governo, são avalizadas por ele.
Por outro lado, O Fundo Monetário Internacional (FMI) engrossou é uma das instituições que engrossam o coro dos que defendem uma intervenção mais abrangente do governo dos Estados Unidos para estabilizar o sistema financeiro americano, apesar dos custos gigantescos que uma iniciativa dessa natureza certamente teria.

Mas vamos ao trecho do Prof. Dr. Ubiratan Ioro:

“ A causa principal, a meu ver, do esquecimento a que foi relegada a Escola Austríaca foram suas recomendações para eliminar o que ficou conhecido como a Grande Depressão dos anos 30: os governos deveriam abster-se de intervir na economia, deixando funcionar o sistema de preços livremente e o mercado reavaliar os valores dos recursos! Sim, isto significaria falências de bancos e de muitas empresas, mas falências fazem parte do jogo, a não ser que os contribuintes sejam convocados compulsoriamente a sustá-las, como o governo americano, mais uma vez, pretende fazer neste momento. É o processo, inevitável, de ajustamento, em que os maus investimentos feitos no passado, baseados em expansão monetária travestida de pseudo-poupança, precisam ser eliminados. Mas isto é impopular hoje, como era impopular nos anos 30, o que levou Roosevelt a adotar as recomendações intervencionistas de Keynes, muito mais palatáveis sob o ponto de vista político.

Assim, firmou-se a idéia de que os governos deveriam controlar a demanda “agregada”, com base no “princípio da demanda efetiva” de Keynes e as corretas teses austríacas lançadas na gaveta do esquecimento, algo que nem a concessão, em 1974, do Nobel de Economia a Hayek conseguiu mudar. Desde os anos 30, praticamente todos os economistas são “keynesianos”, mesmo os monetaristas e os novos clássicos, que prezam a economia de mercado e nada têm de socialistas... Uma lástima, de conseqüências desastrosas não apenas para a academia, mas para a humanidade!

A história da crise de hoje não difere, em sua essência, daquela da Grande Depressão e foi plantada pelas políticas do Fed de manter as taxas de juros artificialmente baixas. Ora, juros baixos tornam viáveis projetos de longo prazo, cujos valores presentes são mais beneficiados do que os dos projetos de curto prazo. A construção civil, claramente, está no primeiro grupo. Assim, foi um negócio não natural, estimulado pelo governo americano. Mas, além dessa tentativa de aceleração forçada da prosperidade, as autoridades americanas imbuíram-se da idéia errada de que, se qualquer pessoa desejasse um empréstimo para comprar uma casa, o governo teria a obrigação de concedê-lo, mesmo que indiretamente, idéia que operacionalizou criando a Freddie Mac e a Fannie Mae, empresas com status jurídico cinzento, já que eram geridas privadamente e tinham capital aberto, mas sempre foram protegidas pelo Estado, com o intuito de subsidiar os empréstimos. E o mercado – que, nessas horas, não falha – antecipou corretamente que tais empresas seriam socorridas pelo Estado em caso de dificuldades. Com medidas desse tipo – taxas de juros abaixo da inflação corrente e subsídios camuflados a hipotecas – qualquer economista conhecedor da tradição “austríaca” poderia detectar, há anos, que surgiriam graves problemas futuros.

E o futuro chegou! Em meados de 2006, as empresas de construção civil sentiram os efeitos da alta da taxa de juros ocorrida e também prevista pela teoria, decorrente do cabo-de-guerra ou disputa pelo crédito, como previram, por exemplo, entre inúmeros outros, os seguintes artigos, todos encontrados em http://www.mises.org/ : Who Made the Fannie and Freddie Threat?, de Frank Shostak, de 5 de março de 2004; Freddie Mac: A Mercantilist Enterprise, de Paul Cleveland, de 14 de março de 2005; Fannie Mae: Another New Deal Monstrosity, de Karen De Coster, de 2 de julho de 2007 e How Fannie and Freddie Made Me a Grump Economist, de Christopher Westley, de 21 de julho de 2008.”

O artigo completo pode ser lido aqui.