Blog sobre Moçambique

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A OTM diz que o novo salário Minimo não compensa

A OTM, Organização dos Trabalhadores Moçambicanos, defendeu recentemente que os novos salários mínimos por sectores não alcancam as expectativas do Estudo por ela encomendado, que avalia a cesta básica do Moçambicano em 5.200,00MT e que, os novos salários mínimos por sectores, que sofreram um acréscimo que ronda entre os 15 e 30%l, não cobrem as despesas.
A OTM - Central Sindical, um dos maiores intervenientes na negociação salarial em Moçambique, através do estudo por si encomendado, defende que a cesta básica de uma família de 5 pessoas tem um orçamento avaliado em cerca de 5.200,00 MT ao mês, logo, os novos salários, que não alcançam esta meta estão aquem do desejado e, para ultrapassar a situação é necessário que haja uma compensação através da criação de incentivos para que as empresas produzam mais bens e coloquem no mercado, até a necessidade de simplificação de procedimentos de importação de matéria-prima para a produção.

Refira-se que dos novos salários mínimos acordados ontem, o sector de Produção Distribuição de Electricidade, Gás e Água é que registou maior reajusto (29.8%), sendo que os trabalhadores deste ramo passam a auferir um salário mínimo de cerca de 2.138,59 MT.

Economista Adriano Maleiane nomeado PCA da Visabeira Mocambique

ADRIANO Maleiane, ex-governador do Banco de Moçambique, foi esta semana nomeado Presidente do Conselho de Administração da Visabeira Moçambique, S.A.

O Comité de Gestão daquela empresa fundamentou a medida com a grande quantidade de novos projectos e investimentos que acontecerão a curto/médio prazo no nosso país. Para a Visabeira, “com a presença do Dr. Adriano Afonso Maleiane não só alinhamos a nossa estrutura de gestão com as melhores práticas internacionais, como temos oportunidade de poder passar a contar com o contributo de uma personalidade de grande prestígio e competência, nacional e internacionalmente reconhecidos”. Licenciado em Economia pela Universidade Eduardo Mondlane, o novo presidente não executivo da Visabeira Moçambique S.A. é Mestre em Economia Financeira pela Universidade de Londres. Exerceu diversas funções oficiais, nomeadamente director nacional de Economia Agrária no Ministério da Agricultura (1983-86), administrador do Banco de Moçambique (1986-1991) e, sucessivamente, vice-governador e Governador do Banco de Moçambique (1991‑2006).
Fonte: noticias

terça-feira, 22 de abril de 2008

Salário mínimo por sectores em Moçambique

Voltamos a carga com o grande debate em torno das negociações para a determinação de salários mínimos por sectores em Moçambique, cujos primeiros passos já foram dados e houve consenso, mas agora é a vez de a Comissão Consultiva do Trabalho (CCT) se reunir amanhã, dia 23 de Abril para apresentação das conclusões das negociações que vinham decorrendo em Comissões especializadas, visando a fixação do novo salário mínimo por sector de actividade e a apreciação global das propostas apresentadas.

Os sectores que compreendem o novo critério de fixação de salário mínimo são:
Sector 1: Agricultura, Pecuária, Caça e Silvicultura;
Sector 2: Pescas;
Sector 3: Indústria de Extracção de Minerais,
Sector 4: Indústria Transformadora;
Sector 5: Produção Distribuição de Electricidade, Gás e Água;
Sector 6: Construção;
Sector 7: Actividades dos Serviços não Financeiros;
Sector 8: Actividades Financeiras;
Sector 9: Administração Pública, Defesa e Segurança .

Em Moçambique, um país em vias de desenvolvimento a renda per-capita é baixa e a maior parte da força de trabalho está na agricultura de subsistência, ou sem contratos formais e no sector informal.
No nosso País a sindicalização, ou a existência de sindicatos ainda não é muito forte em todos os sectores, o que pode colocar em causa a efectividade das negociações salariais uma vez que a influência dos sindicatos na determinação dos salários pode ser menos elevada do que o desejado.
Este novo passo, a descentralização da negociação salarial em sectores de actividade tem que colocar a OTM Central-Sindical numa posição tal que possa aglutinar os interesses de todos os sectores de actividade, tomando em consideração o índice de desemprego no País, sob pena de negociar salários que só vão aumentar os índices de desemprego favorecendo os que já estão empregados, e penalizando aqueles que procuram emprego.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

impacto da Globalização nos Negócios Regionais (Africa Austral): Prós e Contras

Segue-se um artigo de um economista amigo, o Nelson Maximiano, sobre a integração regional:
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Impacto da Globalização nos Negócios Regionais (Africa Austral): Prós e Contras


1. Sumário Executivo

O objectivo deste ensaio e de indicar os caminhos tomados e a tomar pelos parceiros de negocios na regiao por forma a aproveitar os adventos da Globalizacao. Um passo fundamental é a noção dos prós e contras criados pela Globalizacao para a criacção e desenvolvimento dos negocios regionais. Um ponto importante neste artigo é qual é o papel de organizações não governamentais para a melhorar as oportunidades de negócios bem sucedidos e como estas organizações se podem fortalecer no processo de facilitação e suporte do sector privado corporativo.

Introduçao

A Globalização é um processo de integração económica, social, cultural, política, com o barateamento dos meios de transporte e comunicação. Esta reduçao de custos de trasnporte e transaccao ocorreu no século XX e beneficiou mais aos países desenvolvidos. Grande parte dos países desenvolvidos ou do ocidente estavam integrados em grupos regionais ou movimentos regionais coesos e que rápidamente procuraram a homogeneidade. A Globalização permitiu a abertura de países do terceiro mundo para o exterior. No entanto mercados internos do ocidente já saturados beneficiaram da abertura de outros mercados com novas oportunidades de comércio e exploitação de recursos e principalmente matérias primas.

A Globalização é acima de tudo um processo histórico que se consolida com a queda do bloco socialista e com o fim da coexistência pacífica. Formou-se um movimento único e o capitalismo neo-liberal. A ideia de um sistema único que assustou e continua a assustar muitos países e pessoas do mundo subdesenvolvido consolidou-se pela homogeneização dos centros urbanos nos quais as população urbana adquiriu hábitos comuns de consumo. Um ambiente favorável para a exploração de outros mercados e civilizaçoes atraiu muitas corporacoes e integrou-se dentro das estratégias de corporativas. No entanto cedo estas estratégias corporativas centraram-se na expansão para mercados diferentes e regiões geo-políticas mais carentes de fontes de investimento e de empreendedorismo. Grande parte dos negócios regionais bem succedidos surge na área das telecomunicações, eletrónica, e outros adventos tecnológicos que permitiram a regorganização geo-politica e a criação de blocos políticos e a miscelânia de culturas e hábitos e costumes. Na actualidade a globalização afecta a comunicação, comércio internacional e a circulação de bens e pessoas.

A regionalização e integração económica afecta os mundo de negócios e desta forma permite negócios mais rápidos, baratos e menos ariscados. A globalização permite que numa sociedade de conhecimento homens e mulheres de negócios, que estejam integrados ou não em corporações sejam bem sucedidos e tenham acesso a melhores condicoes de investimento e a bons negócios. Nações melhor integradas tanto em grupos regionais mas acima de tudo com os mercados internacionais ao “redor do planeta”.

O capitalismo foi um movimento que surge da ideologia. Um negócio regional bem sucedido requer mais do que pura ideologia. O surgimento de fundações teve no início como base o bem estar dos povos e nações. Negócios regionais resultam normalmente da criação de condições atraentes e que se enquadrem nos interesses e estratégias das corporaçoes multinacionais. Desta forma, a sociedade civil e as respectivas fundações tem um papel integrado para melhorar as condicoes de negocios regionais e o crescimento do nível geral de investimentos.

Um mundo globalizado pode financiar os “domestic imbalances” por muito tempo, mas nao elimina os riscos criados por desalinhos sustentabilizados das taxas de cambio nem pode sequer melhorar a pobreza das políticas macroecnómicas. Uma economia em desbalanço doméstico pode reverter a situacao se tiver acesso a mercados internacionais. No entanto, se este desbalanço se mantiver por muito tempo um dos primeiros constrangimentos é o aumento do nível de risco de investir na economia nacional. Negócios regionais são sensíveis a crises financeiras em economias pobres e pouco abertas ao comércio internacional. A ideia nao é apenas melhorar a capacidade de combater o risco na economia mas também de criar condiçoes para diminuir o risco de baixar o peso da moeda. Instituições internacionais agem a nível global e de coordenação com o objectivo de aprender lições importantes através da experiência bem como de usar esta experiência para ajudar no desenvolvimento de um sistema financeiro próspero. Outras instituições internacionais podem ajudar na melhoria de condições dentro da economia.

A globalização e o ciclo de negócios

A globalização permite a rápida circulação de pessoas e capitais. A globalizaçao aumenta a importamcia das economias regionais e transforma o processo de crescimento economico e aumento do fluxo de negocios interligado entre economias. A globalizacao resulta de mudanças significantes e em casos de sucesso permite o forte crescimento de negócios que originam comunidades vibrantes. A globalizacao e as suas consequencias directas permitem a reducao dos custos dos negocios relacionados com o trasporte de mercadorias, e os custos de transacao. Porém a globalizaçao nao permite apenas por si o aumento do numero de infraestruturas que facilita a iniciao de negocios no curto prazo. Desta forma a globalizacao pode ser desvantajosa para o ciclo de negócios. No entanto maior parte das barreiras que resultam da montagem de negócios regionais podem ser ultrapasasados por grandes negócios regionais. O maior constrangimento é a nao existencia de “staff” qualificado e de estruturas complementares. Uma abordagem governamental em relacao aos negocios regioanis e em geral bem vinda e permite uma criacao de negocios mais efectiva. Governos com maior experiencia e recursos tem vantagens comparativas em atrair grandes negócios regionais.


Nelson Maximiano
Economista

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Salario Minimo em Moçambique - Consenso na Concertação Social

Não tenho ainda muitos dados sobre a concertação para a revisão do salário mínimo, mas sei que as discussões sobre o salário mínimo nos 8 sectores de actividade alcançaram consenso e que segundo a Confederação das Associações Económicas e Empresariais de Moçambique (CTA), este consenso reflecte a realidade do País.
A Comissão Consultiva do trabalho ainda terá que validar este consenso e depois o Conselho de Ministros tem que aprovar a revisão do salário por sectores de actividade, cujas propostas variam de 15% a 30%.
Segundo o CTA, anteriormente Governo, Sindicatos e empregadores sentavam-se à mesma mesa para discutir salários para todos os sectores sem considerarem itens como a produtividade das empresas.
Voltarei a escrever sobre este assunto, no entanto se efectivamente houve consenso é um bom passo do ponto de vista diplomático. A grande questão é saber se este consenso tem efeitos multiplicadores no consumo dos indivíduos e na capacidade de gestão da cesta básica dos Moçambicanos.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Economia de Moçambique Vs. China em ascenção e EUA em Recessão !!??


As Economia Mundial vem demonstrando tendências de mudanças. A Economia norte américana já apresenta os efeitos da recessão provocada pela crise no mercado imobiliario, altos custos de combustíveis e de alimentos e o debilitante mercado de trabalho. OS EUA durante muito tempo foram adoptando tecnologia de ponta, mecanização avançada em todos os sectores da economia, sem imaginar que os custos elevados pudessem "saturar" as suas economias.

No outro lado do planeta a CHINA a cada dia assume-se como um verdadeiro "dragão" da economia global, com a conquista das empresas chinesas de novos mercados com os seus preços baixos, a mão-de-obra barata que o País oferece, uma forte revolução nas índustrias textil e alimentar que vai "sufocando" alguns colossos.

Cá entre nós admite-se que a actual recessão da Economia dos EUA não terá um grande efeito sobre a economia de Moçambique. Recentemente a economista do Standard Bank, Yvonne Mhango disse em Maputo que o impacto da crise do mercado dos Estados Unidos da América “vai ser limitado” para Moçambique, pois as exportações da Ásia estão a aumentar, que a China vem aumentando os seus negócios com Moçambique e com África e que, como a economia Moçambicana não é dependente da norte americana, não há motivo para alarme. Mhango defedeu ainda que apenas dois por cento do total das exportações moçambicanas são para os Estados Unidos, daí que não se preveja um impacto severo ao nível de Moçambique.

Aquela economista disse ainda que a África do Sul é que sofrerá com a recessão norte americana pois tem uma economia dependente dos EUA, no entanto a grande questão que se coloca é que Moçambique depende muito da economia sul africana e uma recessão económica na Africa do Sul afecta a região.

Só esperamos que a recessão da economia norte americana não se transforme em depressão, como a que ocorreu entre 1929 e 1933. Pelo Menos em Moçambique, o crescimento económico vivamente saudado pelo FMI e Banco Mundial, foi uma realidade em 2007, pese embora o primeiro trimestre de 2008 tenha sido obstruído pelos choques do lado da oferta causados por calamidades naturais.

Será que esta nova tendência da ordem económica mundial vai colocar em causa os contemporrâneos modelos de crescimento económico, que apresentam um prognóstico pessimista para os países mais pobres?

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Marketing ativo

Assistindo a um documentário na televisão, descobri que algumas empresas adotam uma estratégia de marketing bem interessante. Em suma, empresa introduz o seu produto ao consumidor sem ele saber que isso está ocorrendo. Para ilustrar a idéia, o curto documentário mostrou o caso de uma firma que inventou um controle de jogos para computador no qual o usuário não apertava botões, mas dava os comandos simplesmente ao mecher seus dedos em diversas direções.
Para expor seu novo produto no mercado, a empresa contratou dezenas de pessoas para irem a cafeterias e ficarem sentadas jogando em seus notebooks. Algumas pessoas interessadas por jogos ficavam curiosas e perguntavam ao rapaz (contratado pela empresa) como o produto funcionava, onde ele havia comprado, qual era o preço, etc. Muitas dessas pessoas também testavam o produto (tudo sem saber que o cara era contratado pela empresa).
Eu, pessoalmente, achei a idéia fantástica. É uma maneira muito legal e eficiente de introduzir um novo produto no mercado, alcançando diretamente potenciais consumidores. No entanto, nem todo mundo gostou da idéia. Alguns criticaram esse tipo de marketing justificando que a empresa estaria enganando o consumidor. Outros falavam que isso era um crime, pois as pessoas estavam participando de uma campanha de marketing sem seu consentimento.
Oras, o rapaz na cafeteria não obrigou ninguém a perguntá-lo sobre o que se tratava aquele novo controle para jogos de computador. Ele não forçou ninguém a se interessar pelo produto, muito menos a comprá-lo! O que ele fez foi simplesmente ativar a curiosidade das pessoas que tinham um interesse naquele bem! Ele ampliou o leque de oportunidades que amantes de jogos tinham antes de ir na cafeteria, cabendo a cada pessoa individualmente decidir se valeria a pena comprar aquele produto ou não.
Não existe nenhum imperativo, como clamavam os críticos que foram entrevistados no documentário, que torna esse tipo de marketing anti-ético. De que maneira as pessoas foram prejudicadas nessa campanha? Elas não foram! Muito pelo contrário, elas tiveram a oportunidade de conhecer um novo produto sem custo algum.
O preconceito contra as empresas existe em muitos lugares do mundo, inclusive em países onde as pessoas vivem melhor por causa do setor privado. Não existe outra explicação para a histeria de órgãos de defesa do consumidor para com esse tipo de propaganda feita pelas empresas. É o velho medo de que alguns enriqueçam e se dêem bem na vida. A velha concepção das pessoas de que qualquer um que gere riqueza está assim fazendo a custa dos outros.

In Rabiscos Económicos de Philipe Berman e Guilherme Stein